quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O meu primeiro A3

Estranhou o título do post e achou que eu fosse falar de carros? 


Não querid@s, não tenho um Audi! (embora ache o A3 vermelho lindo!)

Quero mesmo é falar da minha primeira transa a três! Nos posts anteriores publicados no blog X de Sexo eu havia contado sobre minha primeira transa com um casal. Mas não foi a minha primeira transa a 3 propriamente, que aconteceu com outros dois solteiros.

E já faz bastante tempo, mais de dez anos... bizarramente ela aconteceu num dia 19 de abril, dia do índio, mesmo dia em que meu chefe à época defendeu seu doutorado. Aconteceu tudo absolutamente sem planejar, de forma inesperada.

Eu estava na casa do meu chefe comemorando a defesa dele, com uma colega de trabalho, tínhamos bebido um pouco e dançávamos sob o som de uma ótima seleção flash back. Mas fomos embora relativamente cedo e meus amigos resolveram ir a um bar-boite gay da época e pedi que minha amiga me deixasse lá. Ao chegar lá estávamos todos de boa, tomando uns bons drinks e conversando. Lá pelas tantas encontrei o Rodney, um antigo peguete meu com quem já tinha ficado outras vezes, um cara bem bacana e que era muito bom de cama. Ele se aproximou do grupo e ficou conosco.

Um dos meus amigos mais próximos (o tal serial monogamist de quem já falei aqui... casadíssimo hoje, pro meu absoluto desgosto...) já tinha insinuado algumas vezes pra mim sobre a possibilidade de um menàge... (eu o conheci no chat do UOL e ficamos algumas vezes antes de virarmos amigos). Não me lembro ao certo como, mas sei que em determinado momento da conversa abriu se uma janela de oportunidade e eu fiz uma proposta aos dois para irmos juntos pro meu apto. Pra minha surpresa eles toparam sem pestanejar e nós fomos. Acho que ninguém sabia ao certo como ia se dar a coisa... e talvez por isso, tenham topado sem grandes dúvidas. 

O curioso é que na época eu ainda morava em uma república, com outros colegas de faculdade todos HTs. Havia um quartinho nos fundos do apto que servia para hóspedes eventuais... e foi para lá que fomos os três: eu, meu amigo super próximo e meu ex-peguete. A gente chegou lá, nos olhamos e começamos...


Os três curtiam muito beijar, então ficamos nos beijando por muito tempo... explorando as sensações, método e métricas de um beijo a três. Era algo pelo qual eu ansiava bastante. Fomos tirando a roupa e meu amigo tinha uma outra fantasia que queria realizar: chupar dois paus ao mesmo tempo. Claro, fantasia realizada. E ele a fez com gosto e esmero! Check! 

Eu também nunca tinha feito isso e foi delicioso nos revezarmos num double dick suck! E foi delicioso ser chupado por dois caras ao mesmo tempo. E também chupar dois paus... Enfim, um dia de muitas novidades pra mim!

Ao longo da transa o meu amigo deixou claro que queria ser o passivo da história e nós conduzimos assim. Primeiro o peguete começou a comê-lo... foi a 1a vez que via uma transa de outros dois caras. Me lembro da beleza da cena, o Rodney a princípio tem uma pegada mais ativa, a galera aprecia bastante essa competência dele e me lembro do detalhe da veia saltada na base do pau enquanto começava a meter no meu amigo.

Enquanto ele metia eu beijava meu amigo e colocava meu pau pra ele chupar... Ele se deliciava com as novas sensações, ser comido e chupar um pau simultaneamente... na sequência, eu encapei meu pau e foi minha vez de comê-lo... eu ainda não era tão experiente no sexo, e justamente por isso ficou gravado em mim uma frase que meu amigo deixou escapar logo após começar a fudê-lo:

- ai cara, você mete muito bem!

Não demorou muito e ele gozou comigo comendo ele... e aí ficamos eu e o peguete nos esfregando, porque ainda não tínhamos gozado... o foda é que só tínhamos aquelas 2 camisinhas, já muito bem usadas, então nem tinha porque decidir quem ia fuder quem, ou quem ia ser o 1o em cada posição... Certamente rolaria um revezamento delicioso ali, mas sem camisinha não tinha conversa. Eu sei que ele queria ser penetrado (e eu também queria muito meter com ele).

Então, só nos sobrou uma boa punheta a dois para não deixar meu amigo sozinho no gozo.


Nós gozamos e ainda ficamos um tempo ali curtindo as sensações do pós-sexo... uns beijinhos a mais e abraços carinhosos... Já passava das três da manhã e eles se vestiram e foram embora... ainda tive de providenciar um esquema seguro para que eles saíssem de lá serem serem notados pelos colegas que inocentemente dormiam em seus quartos.

Um detalhe que só me lembrei agora... meu amigo namorava naquela época. Mas o namorado não estava conosco aquele dia. Me lembrei disso porque no domingo nós fizemos um bate-volta à Riviera e me lembro de ter ficado um pouco desconfortável quando o vi.. E meu amigo ainda fazia gracinhas que só eu poderia entender... provavelmente fiquei vermelho na hora.

Para uma 1ª vez a3 dos três que estavam lá, posso dizer que foi uma experiência sensacional e extremamente prazerosa. Uma experiência que me permitiu experimentar coisas que nunca havia feito e que tinha vontade.

Penso em quantas vezes recusamos experiências deste tipo (não só apenas no sexo) ou mesmo quando nos vemos em uma, travamos e não aproveitamos em toda a intensidade possível. Quantas vezes perdemos oportunidades de gozar a vida, não? Que a cada dia, isso possa se tornar exceção.

Ao longo dos anos outras experiências a 3 aconteceram. Poucas, mas aconteceram. Sem falar que os beijos a três continuam nas baladas...  beijos com amigos, com peguetes e com casais... (vale um post à parte...)

Vida longa aos Threesomes!



quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O casal n. 01 - parte II. Ou "Chorinho".



Pensou que tinha acabado? Pior que não, rs...

A minha 1ª noite A3 com um casal ainda me reservava surpresas pra lá de agradáveis... A Carmen X, do blog X de Sexo, publicou hoje a 2a parte deste relato e compartilho aqui com vocês!

O post original pode ser acessado em: 
http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2016/09/20/a-noite-so-terminou-quando-o-gozo-veio/ 

Sexo a três definitivamente é um tema que me agrada e instiga... apesar de ter vivenciado pouco essa prática (coisa que quero mudar daqui pra frente...). Nos próximos posts quero compartilhar algumas outras experiências que tive. 

A noite só terminou quando o gozo veio

POR CARMEN

Uma curtição no banheiro da balada pode ser apenas uma curtição no banheiro da balada e já valer (muuuito) a noite.
Mas para nosso amigo que assina como Homo Sapiens Sampa, o encontro casual com dois gatos em uma feijoada pré-Carnaval rendeu um ‘chorinho’ no caminho pra casa.
Confira aqui o começo da história e a seguir o que aconteceu quando a festa terminou.
“Eu só queria chegar em casa, tomar um banho e me jogar na cama, com as picantes lembranças daquela chupada a três na memória.
Quando fui me despedir, o Yuri me ofereceu uma carona. Ele tinha uma picape e fui ali, quase em cima do câmbio da marcha, no meio dos dois gatos.  Eu sabia que mais coisa estava pra acontecer…
A região de Pinheiros, onde moro, é bem servida de locais com árvores frondosas e pouca iluminação, ideais pra uma boa pegação dentro do carro. Ao passarmos por uma dessas ruas, o Fábio me olhou e perguntou: ‘Por que você não gozou lá com a gente?’ Eu desconversei, disse que tinha sido bom do mesmo jeito. Ele nem tomou conhecimento da minha desculpa tímida: Yuri, para o carro ali, vamos fazer ele gozar conosco.’
Um mix de excitação e medo tomou conta de mim, me senti um pouco como a presa no meio de dois devoradores, mas como eu já estava no inferno, abracei os capetas de bom grado. Comecei a beijar o Yuri, que me puxou pra ele e abriu caminho pro Fábio novamente abaixar minha bermuda e cair de boca no meu pau. Lembro-me dele dizer que meu pau era cheiroso, o que dava ainda mais tesão nele.


Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com
Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com

Mais um revezamento 3×3 começou e, acredite, os caras eram bons, machos sem frescura, que topam o que vier, desde que seja prazeroso. Em pouco tempo, eu gozei, gozei muito, uma explosão de porra que lambuzou a mão e o rosto do Fábio, além do banco do carro.
O Yuri gozou na sequência, comigo batendo uma pra ele e o Fábio também, o vendo gozar. Eu ainda fiquei tentando processar aquilo tudo, custando a acreditar na cena, mas a situação inspirava cuidado e, pra não terminarmos numa delegacia, logo subimos as bermudas e ligamos o carro.
Yuri e Fábio me deixaram em casa e se despediram de mim com um beijo a três mais terno do que excitante. Era como se me agradecessem a noite e deixassem um ‘até breve’ carinhoso marcado no meu rosto.
A vida tem desses episódios inesperados e intensos, que acontecem justamente porque estamos abertos a novas experiências de prazer e às interações. Seria bom se fosse sempre assim, não?”

Quero mais histórias! Mande a sua para a carmenfaladesexo@gmail.com

terça-feira, 20 de setembro de 2016

O casal n. 01 - ou "Quando três homens se encontram na balada"

Este blog pra mim é uma puta válvula de escape pra escrever e refletir sobre a vida... eu gosto de escrever e se o assunto é sexo, melhor ainda! A ideia também é interagir com outros leitores e leitoras e também com outros blogueiros e blogueiras... Tenho conhecido alguns blogs com pegada semelhante e me deliciado com suas histórias.

Numa destas trocas conheci o blog da Carmen X, hospedado na Folha, com histórias picantes e deliciosas de homens e mulheres. A gente fica animado em saber destas experiências, de ver que existe mais gente preocupada em ampliar os horizontes da sua própria sexualidade (e da dos parceiros também). Uns fazem isso de forma inconsciente, por instinto... outros já atuam mais estrategicamente e com foco! 

A Carmen me convidou para publicar uma história inédita e escolhi para o post a minha primeira transa a três com outro casal. Foi uma história que me marcou muito e onde pude ver o quanto podemos ampliar nossos horizontes e nosso prazer ao nos permitirmos novas histórias. Fica pra mim (e espero que pra vc também, rs...) o aprendizado de que vale a pena se arriscar, vale a pena sair da zona de conforto e ousar, experimentar, interagir com o não planejado. 

O blog da Carmen X está recheado de boas histórias! Vale muito a pena entrar lá e ler todas elas, em especial a minha!

http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/
http://xdesexo.blogfolha.uol.com.br/2016/09/16/quando-tres-homens-se-encontram-na-balada/?

Quando três homens se encontram na balada

POR CARMEN

Há várias diversões envolvidas na função de blogueira de sexo. Uma delas é me corresponder, aos moldes de antigamente, com as mais variadas pessoas. Trocamos e-mails com confidências e opiniões.
Fiquei animada quando um blogueiro autointitulado Homo Sapiens Sampa quis me contar uma história, porque este espaço acaba recebendo muito mais relatos de sexo hétero do que gay e essa não é a intenção. Aqui a cama é para todxs, já diz nossa tagline!
“Era início de fevereiro e o Carnaval chegaria em breve. Eu estava sem muitas expectativas pro fim de semana, mas um amigo me ligou avisando que já confirmara nossa presença numa feijoada pré-Carnaval. Eu não botei muita fé, mas como outros dois amigos iriam, resolvi acompanhar.
A chegada foi meio tediosa, havia pouca gente e música ainda estava baixa. Pensei comigo: ‘Provável furada’. Então, mais gente foi chegando, o lugar começou a encher e aos poucos a chama carnavalesca começou a pegar. O som estava mais alto e as pessoas começavam a tomar a pista central improvisada.
De repente, dois caras me chamaram a atenção. Um deles, altão e encorpado. O outro, baixinho e mais magro. O altão tinha uma cara meio retangular, nariz grande. O baixinho, traços mais finos e jeito de moleque barbado.
Perguntei a um dos meus amigos quem eram. A rapidez na comunicação gay trouxe rapidamente o nome deles: Yuri (grandão) e Fábio (baixinho). Como desconfiava, tratava-se de um casal. Nesse momento, costuma vir aquela sensação de raiva por ver alguém que você deseja com status de “não disponível”.
Mas quem disse que isso era verdade?

Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com
Crédito da foto suckmypixxxel.tumblr.com

A paquera já rolava solta na pista, todos devidamente entorpecidos pelo álcool e pela música. O meu amigo chegou perto do Fábio e começou a puxar papo. Esse meu amigo é muito cara de pau e tenho certa inveja pela facilidade dele em se comunicar. Ele já tinha sacado meu interesse nos dois, trouxe o Fábio até mim e o apresentou: Fábio, esse alemãozinho aqui é meu melhor amigo e ficou muito a fim de você’. Ele deu um sorriso maroto e eu, pego de surpresa, não sabia onde enfiava a cara. Ficamos ali interagindo numa conversa amena e começamos a trocar olhares, inicialmente tímidos, depois mais descarados. Ele me encarava com vontade e com um olhar muito penetrante que começou a me desconcertar.
Então, fui ao mezanino, onde ficava o banheiro. Havia fila, o Fabio também foi pra lá e ficou algumas posições atrás de mim. Continuava a me olhar. Eu entrei no banheiro e ao sair, ele veio falar comigo: ‘Alemãozinho, fiquei muito a fim de você.’ Foi a deixa pra começarmos a nos beijar e eu já o puxei pro final do corredor. Sabe aquela pessoa que você quer muito beijar e leva um tempo até conseguir? Daí quando rola é um beijo que chega a ser sofrido, como se o mundo fosse acabar dali cinco minutos e você não tem um segundo a perder.
Na sequência, ele me cochichou: ‘Você sabe que eu namoro, né? Mas é de boa e eu falei pro meu namorado que curti você.’ Voltamos à festa e ele me apresentou o Yuri. Ficamos dançando todos numa roda, até que o Yuri foi ao banheiro, no mesmo mezanino.
Fabio, então, me fala ao ouvido: ‘Yuri está te esperando. Agora é a vez dele de ficar com você.’  Eu simplesmente não acreditava que aquilo estava acontecendo, estava num fogo maluco e mesmo tendo curtido o Fabio, tinha ainda mais curiosidade pelo Yuri, um tipão meio rústico, quase um terrorista iraniano.
Pois eu subi e bati na porta do banheiro. Quando abriu, o Yuri olhou pra mim e soltou: Vem cá, moleque!’, me deu um abraço forte e começamos a nos beijar. Eu segurava o rosto dele e o beijava com vontade, ele às vezes parava, me olhava, dava um sorriso e voltava a me beijar. Ficamos assim uns cinco minutos até nova batida na porta. Era o Fábio que chegou pra incendiar ainda mais.
Eu, ingênuo, achava que continuaríamos nos beijos, mas o Fabio pôs a mão na minha bermuda e a abriu, abaixou minha cueca e começou a me chupar. Eu fiz o mesmo com o Yuri e, de repente, todos estávamos com as bermudas nos joelhos nos chupando mutuamente, paus e bundas, fora as mãos que deslizavam por cada centímetro dos nossos corpos.
A essa altura já havia reclamação na fila do banheiro, mas ninguém sabia ao certo o que acontecia lá dentro. A gente precisava terminar aquilo ou alguém ia arrombar a porta e ver aquela cena – o que causaria mais inveja do que susto, tenho certeza.
Pra finalizar, o Fabio agarrou o pau imenso do Yuri e bateu uma pra ele até que gozasse no vaso. O Fabio também gozou. Eu não consegui ali, tamanha a adrenalina, mas nem precisava, porque tinha sido muito boa aquela sessão inesperada de sexo oral e punheta entre machos.
Recompostos, abrimos a porta como se nada tivesse acontecido. As pessoas na fila nos olhavam e pareciam não acreditar. Sabe aquele espanto de ver gente que trepa sem muita cerimônia? Foi assim que me pareceu.
Até o fim da festa, nós ficamos dançando juntos e rolou muito beijo a três. Acabamos virando a sensação da festa.
A noite dos moços não acabou aí, conto o fim em breve. Enquanto isso, me manda a sua mais recente safadeza? O e-mail é carmenfaladesexo@gmail.com

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Epifania na balada

O acaso só favorece a mente preparada. (Louis Pasteur)

"gente... mas vc não fez nada. Só dançamos e beijamos mais sensualmente." (diálogos sobre sábado à noite)


Tem algumas palavras que me passam beleza e encantamento, como se tivessem algo de mágico no falar e no ouvir. 

Epifania é uma delas.

Umas das traduções no wikipedia a define como "uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo". Epifania é usada nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa"


Difícil dizer que seja a "última" peça, mas num dos sábados de balada no mês de agosto eu senti essa sensação de "súbito" entendimento de algumas situações, situações essas que revelam desejos meus. E digo súbito 'entre haspas' porque na verdade não é algo súbito... é um acúmulo de vivências e reflexões destas vivência as quais, em um determinado momento, passam a fazer sentido e o entendimento se abre na sua mente.  

Há quase dois anos eu fui "introduzido" e apresentado por amigos a um tipo de festa gay do qual nunca tinha participado (ao menos não dessa forma - este é assunto para outro post, mas falarei brevemente aqui para contextualizar). Ao conhecer e participar desse mundo, tive a sensação de que era algo que sempre quisera usufruir, era um dos elementos da minha tão sonhada liberdade e uma maneira pra lá de incrível para exercer minha sexualidade (que havia sido tão reprimida na adolescência e começo da vida adulta). 

Estas festas, como muitos aqui sabem, tem alguns ingredientes permanentes, partes de um script bem consolidado: excelente música eletrônica, homens sem camisa, aditivos químicos variados e uma abertura para a 'interação coletiva' como eu jamais havia visto. Muito provavelmente deve ser isso que ocorria na década do desbunde e liberação gays nos anos 70 (sobre isso, recomendo fortemente o documentário Gay Sex in the 70s, que retrata o período entre 1969 - Revolta de Stonewall até 1981 - 1os casos reportados de aids nos Estados Unidos).



Nessa balada em específico, eu dançava com meus amigos e vi um cara próximo que me chamou a atenção... era um pouco mais velho do que eu, barba bem feita, pelos bem distribuídos no peito e barriga, fazia uma linha mais slim, magro definido, que me agrada bastante. Começou uma troca de olhares, que de tímida foi ficando mais enfática e isso me deu segurança para me aproximar. Aos poucos fui dançando mais perto dele até que nos aproximamos com as palavras de praxe: oi, tudo bem? qual teu nome? vem sempre aqui? (pode ser clichê, mas as pessoas precisam de algo trivial para começarem a se comunicar). 

É muito legal quando a sedução flui, quando ambos se abrem para interagir, e comigo e o Fernando não foi diferente. Começamos a dançar abraçados, e logo um beijo gostoso que encaixou muito bem. Daí passamos um bom tempo juntos dançando, beijando, nos abraçando e esfregando nossos corpos suados um no outro. Naturalmente a interação levou para algo digamos 'fechado' ali entre os dois... eu naturalmente sou muito carinhoso, gosto de beijar segurando e acariciando o rosto do outro e a gente ficou dessa forma... como diz um amigo meu: "casou na balada"

Só que eu não queria casar na balada, e depois de um certo tempo comecei a querer alguma variação. Neste dia em especial nossa turma estava com um amigo de fora, o André, que tinha vindo ver as olimpíadas e estava passando o final de semana em São Paulo. Ele é meio que um crush recente meu, nos falávamos com certa frequência, mas nunca havia nada declarado. Era a 1a festa deste tipo que o André frequentava, um caso de "late coming out" e a expectativa dele, em bom e claro português, era "passar o rodo" na galera. 

O André gostou do Fernando e me disse isso... "mandou muito bem você"... na minha cabeça, poderia ser uma forma interessante de conseguir variar e ao mesmo tempo beijar o André (eu ainda não sabia se ele também queria me beijar). Então bolei uma estratégia e joguei um verde pro Fernando: "meu amigo André gostou muito de você e quer te beijar. Topa um beijo a três com ele?" 


Pra minha surpresa o Fábio fechou a cara e me disse um sonoro "não". A partir daí ele mudou comigo, ficou seco e claramente não havia gostado nem um pouco do convite. Eu tentei contemporizar, disse "calma, foi só uma proposta, não temos de fazer", mas daí já era tarde... Ele então falou: "vou ali na outra pista procurar meus amigos." Ainda tentei faze-lo ficar, mas o caldo tinha azedado de vez. Bom, eu também já sou grandinho o suficiente pra não ficar fazendo drama e se ele queria ir, que assim o fizesse. Me despedi dele e ele saiu do lugar da pista em que estava comigo. 

Foi exatamente nesse instante que me veio a sensação de entendimento. Ficou claro pra mim o meu desejo e a minha vontade sobre o que fazer na balada... a vontade de interagir com mais pessoas, a liberdade de ir e vir por onde quiser e com quem quiser... esta é a vibe... não quero ir à balada pra ficar parado num canto só... como já dizia a música da Adriana Calcanhotto: "não quero ter de optar. quero poder partir, quero poder ficar, poder fantasiar, sem nexo e em qualquer lugar".

Confesso que não esperava uma reação tão contundente dele, pelo contexto em que estávamos: uma festa onde a sensualidade fica afloradíssima pelos aditivos químicos, álcool, música eletrônica e exposição dos corpos. Mas não necessariamente significa que quem esteja lá queira entrar nessa forma de interação coletiva ampliada. O Fernando não queria. Preferia ficar com uma pessoa só, a balada toda. E ele tem todo o direito de fazer assim, claro. Eu não devia ter generalizado. E descobri isso de uma forma não muito legal, ao lhe propor o beijo a três (que diga-se de passagem, é algo que eu adoro e trato de forma absolutamente natural).

À medida em que frequento essas festas, eu vou construindo o meu itinerário. Por isso escolhi falar de epifania aqui. Essa sensação de "awareness" (eu gosto desse termo em inglês, algo como entendimento, estar a par de uma situação ou contexto), de pensar "hum, antes eu não sabia que queria isso, mas agora eu consigo ver", ou mesmo "hum, eu não sabia que poderia ser assim, agora que sei, quero que continue sendo"



O Mário, meu brother, reclama que às vezes eu "sumo" na balada... mas é que o Mário gosta muito mais do que eu de música eletrônica e por isso mesmo, ele quer ficar dançando e curtindo a música, as luzes, as batidas. Eu não. Eu também gosto da música, mas definitivamente não é por causa da música que eu saio à noite. A abertura das pessoas para a interação é o que me fascina e o que me chama... charme do mundo, como já dizia Marina Lima. 

Logo após o Fernando se despedir eu fiquei dançando com o André... numa feliz coincidência os outros amigos saíram para o bar e ali era o meu "tudo ou nada". Eu o encarei, ele deu uma risada tímida e essa risada me deu o restinho de coragem que faltava para me aproximar e beijá-lo. Ah como eu fico feliz quando consigo vencer meus medos internos, quando a vontade de arriscar é maior do que o risco de levar um fora. Eu devia ser mais corajoso muitas das vezes... preciso melhorar nisso.   


Essa noite realmente foi muito intensa e recheada de bons e variados momentos. Depois desse beijo ainda aconteceu muita coisa, por incrível que pareça... O André no começo ficou meio receoso de que eu quisesse casar com ele, hehehehe... "vc sabe que estou numa fase meio slut né?  Eu respondi: "cara, não estou te pedindo em casamento... mas já há um tempo decidi que não passo mais vontade na vida e eu não ia te deixar ir embora sem antes te beijar." Feito este esclarecimento e vendo que eu não ia "encarcerá-lo" ele ficou mais tranquilo, e até me propôs sairmos pela pista juntos, para interagirmos com outros caras. Isso é que é convite bom! E foi devidamente atendido... o André, por ser a 1a vez, até que se saiu muito bem e tivemos ótimos momentos. 

André pra mim, fiquei pensando depois, pode ser o meu melhor investimento a longo prazo. Um cara maduro, que preza a liberdade acima de tudo, mas que também tem um coração e, assim como eu, também tem seus momentos de cuddle feelings. Eu acho ele um tipão! Nossa última interação da noite foi com um casal de uruguaios muy calientes que estavam lá. Em um dado momento eu e ele estávamos no meio, abraçados, e o casal uruguaios atrás de nós, grudados na gente... eu olhei para ele e, me referindo ao casal, falei: "tá vendo como dá pra curtir mesmo sendo um casal?" Nesse momento, ele me beijou... e dessa vez, com vontade... um beijo de verdade.


Comunicação e expectativas - parte II

O outro episódio da semana que me fez pensar sobre estas duas palavras veio de uma troca de mensagens [um pouco truncadas e confusas] com o Dario, um amigo meu de Salvador que conheci recentemente.


Dario: Eu estou numa história que ainda estou ponderando se faz bem pra mim. Bom, o conheci no grindr domingo depois de ter ido à boite à noite. Estávamos com tesão e eu ainda tinha padê e fizemos um sexo incrível. Ele só me elogiando. Me encheu a bola. Passei a semana viajando. Volto na sexta, nos vimos de novo com padê e acabei dormindo lá. As semanas se passaram. No meu aniversário ele me surpreende e me convida para o acompanhar na pré estreia de um musical.

Dario: Bom nos vemos quase todos os dias. Como cozinho, levo algo e jantamos juntos. E muitas vezes rola netflix e assistimos o filme cada um no cantinho do sofá. Eu ontem fiz um risoto, levei aquele vinho que te mandei nas fotos e padê. Muito padê aí ele fica com tesão. Mas o ar condicionado do quarto dele não para de pingar, ele tem de colocar um balde no colchão e a cama fica super apertada. Eu vou pra casa. Ele me deu rivrotril e eu dormi até as 15:30. E acordei pensando se vale tudo a pena. O que você acha?

Eu: aparentemente não parece haver nenhum fator estranho... ou se entendi, o que tá te incomodando é o fato de sempre ter padê envolvido?

Dario: Eu fico nessa de pensar que sem padê não existe tesão por mim. 

Eu: vcs só transam quando vc leva o padê?

Dario: Sim, ele é ator. Nesse momento sem emprego e pode ser chamado pra coisa em todo Brasil. Por isso não estamos firmando nada. Levando o dia após dia. Mas ser mandado dormir em casa todas as vezes me machuca. 

Eu: ele nunca deixa vc dormir lá? E ele nunca dorme na tua casa?

Dario: Na minha casa é um barulho muito forte.

Eu: Vc já experimentou transar com ele sem padê?

Dario: Eu acho que o que rola é uma amizade e o padê dá um tesão. Nada mais. Viver sem estresse e bola pra frente.

Eu: ah queridão, pelo que vc tá dizendo, eu acho que tem de dar uma balizada na expectativa. Talvez vc tenha criado uma expectativa de ele ser algo a mais pra vc, e a gente faz isso mesmo a todo tempo. Mas talvez o cara está numa vibe de amizade, um sexo de vez em quando e se tiver um padê pra turbinar, melhor ainda. 

Eu: Então acho que das duas uma (e claro, to falando como alguém que tá de fora, não acompanhando tão de perto); ou vc consegue reclassificar esse sentimento, encarar ele como um amigo com o qual que pode rolar uma trepada e nada mais. É saber que vc vai dar uma trepada com ele mas vc vai dormir em casa sozinho. Se vc conseguir lidar bem com isso, beleza. A outra opção é vc se afastar, se está te fazendo mal e se vc acha que não vai conseguir repaginar essa expectativa. Aí é se afastar e cara, a vida é assim, bola pra frente, não vai ser a 1a vez nem a última e a gente vai se blindando, aprendendo a se defender nessas situações que aparecem. 

Dario: é exatamente isso que estou fazendo. Não é uma coisa de repaginar, na verdade também não te coloquei totalmente o contexo... Eu sou nada nada santo, já fiquei com um cara nesse meio tempo, um italiano que faz doutorado aqui, que é muito minha praia também, todo tatuado, musculoso, fortão, que faz umas loucuras junto comigo. Não tô deixando de matar minha vontade. O negócio do ator é que são coisas que vão te ligando de uma outra forma. É um convívio de todos os dias, de vc ir conhecendo cada vez mais a pessoa, as vezes tá um pouco distante, outros dias tá querendo me dar um abraço, quer que eu coma ele, agarre ele, às vezes levantar ele pra cima, pra baixo...  Então uma coisa assim diferente. E vc é uma pessoa que dá tanta tranquilidade de falar as coisas, eu me senti tão bem com você, é uma coisa tão boa ter a tua amizade que eu resolvi contar um pouco disso pra vc e eu te agradeço do fundo do meu coração vc ter usado o teu tempo pra responder tudo isso e olha, eu vou fazer exatamente isso, dar uma olhada nas minhas expectativas, e elas tão realmente...

Dario: Amigo, eu descobri e é chato isso, que eu não sou uma pessoa de relacionamento. Eu sou uma pessoa que desde a escola vai mudando de turma em turma, de sala em sala, muda de país, de casa, então não sou uma pessoa muito de criar raízes. Mas é que às vezes vc tenta, acha que vai ser a vez, e lembra sempre que quando tiver de ser, a coisa mais natural não acontece de um lado só, de forma unilateral, mas bilateralmente... Com isso te deixo um grande beijo, uma ótima semana e que um dia a gente possa se ver aqui em SSA, pra tomar um bom vinho, sair e rir muito, que tá faltando, que faz tempo que a gente não ri.

Eu: imagina querido, pode me colocar as coisas sempre que vc quiser... eu falo tanta coisa minha pra vc também. Aliás tamos com os assuntos super atrasados. Quero te contar da viagem minha, que foi legal, arrumei uma paixonite lá, mas que eu sabia que tinha seu tempo e espaço determinados, mas foi bem bacana. Esse final de semana tamos aqui entusiasmados com a próxima festa, pessoal de brasília e rio fervidíssimos tão vindo também, vai ser uma loucura, literalmente. 

Eu: mas olha, te ouvindo falar, talvez tenha pintado um sentimento por esse cara e eu super entendo quando vc diz que não é uma pessoa de relacionamento porque eu também levei muito tempo pra descobrir que eu não sou também. Claro, isso pode mudar, mas cara eu também não crio raízes e até acho que ano que vem muito provavelmente não estarei aqui. Não sei onde estarei, mas meu feeling já vem me dizendo que não vai ser aqui. Mas te ouvindo me apareceu uma 3a opção que é a seguinte, vê se faz sentido pra vc: vc pode sentar com ele e falar tudo o que vc disse. Falar das suas impressões. Mas isso só vale a pena se vc tiver a fim de estreitar laços com ele. Mas de uma forma mais consciente. Pq vc vai estreitando laços com ele mas vc não sabe se ele quer amizade, se é mais que isso, parece que ele emite sinais meio dúbios pra vc, do que vc me conta parece isso. Então de repente uma conversa pode esclarecer isso. Ele pode dizer "não, pra mim é só uma amizade", ou "é uma amizade com sexo", ou "eu gosto de vc, tô me ligando e acho que a gente pode continuar isso". Acho que uma conversa aberta pondo as coisas em pratos limpos pode ser a melhor coisa. Ou confirma a tua expectativa ou não confirma e aí vc parte pra frente. 

No fim tudo se ajeitou... eles continuam a se ver, acho que o Dario sossegou um pouco o coração dele. Interessante que mesmo caras mais experientes, descolados e desapegados às vezes são "pegos" em histórias que acendem uma certa chama de romantismo... isso acontece comigo também... de tempos em tempos bate o que costumo chamar de cuddle feelings, aquela vontade de ficar agarrado em alguém, dormir de conchinha, cozinhar juntos.... o Dario tava tendo algo parecido, uma convivência diária gostosa com alguém... bom seria se isso pudesse acontecer sem os desgastes e cobranças que fatalmente começam a aparecer depois de um tempo.


Às vezes pela leitura do blog pode dar a impressão que sou contra relacionamentos... eu não sou contra relacionamentos... sou contra certas regras que as pessoas se impõem... e discordo da visão tradicional monogâmica exclusiva, como se este fosse o único caminho possível para a felicidade e como se só fosse ser possível ser feliz numa fusão de dois. Me incomoda que muitas vezes gays, a despeito da liberdade duramente conquistada, optem por repetir padrões de relações heterossexuais que não funcionam e trazem muita frustração.

O Dario é um cara experiente o bastante pra perceber que a expectativa que esta história tava criando nele poderia não corresponder à realidade... desde o começo já ficou plantada uma dúvida pela correlação sexo - padê e essa dúvida foi se confirmando...  


Interessante também que o ator parecia estar curtindo os momentos ao lado do Dario, mas não necessariamente da mesma forma ou pelos mesmos motivos. Ele curtia a companhia, curtia o sexo (ainda que na dependência de aditivos), mas ainda assim, não tinha intenções mais profundas em relação ao meu amigo. Eu consigo entender os dois lados, pois já estive em cada um deles várias vezes em diversas histórias. O lado do Dario talvez seja o mais comum de acontecer, já conhecemos bem isso, vc se encanta por alguém, se interessa e passa a querer viver isso cada vez mais. 

Mas o lado do ator muitas vezes não é compreendido, não é entendido, mesmo por quem está nessa posição. Então a gente não pode curtir uma história sem necessariamente querer casar com a pessoa? Não posso demonstrar carinho sem que isso represente necessariamente uma intenção de namoro ou um sentimento parecido com amor? E pra quem tá de fora, eu sei, pode ser muito difícil de entender e "engolir"... mas vale a pena pensar no argumento e pensar que as pessoas podem estar numa relação (ainda que fugaz, sem maiores compromissos) mas com interesses distintos. E aí cabe a vc avaliar se o interesse do outro te parece legítimo, se pra vc é tranquilo perceber e aceitar isso. 

O Dario poderia aceitar de boa que o outro só curtia transar com ele se tivesse padê no script... mas preferiu não aceitar, por achar que isso lhe preservaria a integridade naquele momento (e cá entre nós, por também ter outras opções e não precisar focar só nesse cara... isso faz diferença também). Acho que eles vão transar outras vezes, mas aí o Dario já terá balizado a expectativa dele, já saberá o que exatamente aquilo significa e até onde vai... e justamente por isso, talvez consiga curtir o lance de forma plena, sem neuras e preocupações com o "após". 


Então novamente o episódio reforça a importância de balizarmos nossas expectativas com 'evidências realistas' (pleonasmo essa expressão... mas é pra reforçar mesmo, rs...). E uma das formas de balizar, além claro, da observação meticulosa do que se passa ao seu redor, pode ser também um bom papo com quem vc está se relacionando... claro, esse tipo de conversa tem o seu momento, senão fica uma coisa chata estilo 'DR', mas sempre aparece uma hora pra vc "confrontar" as reais intenções do outro e isso te ajuda a não se iludir e a fazer escolhas conscientes pro futuro.    

domingo, 11 de setembro de 2016

#esquerda_transante. Ou '40 no máximo'.

Sex and intoxication have reserved seating at the table of human experience; they constitute a significant proportion of the pleasure of living. *


A conversa começou quando vi no Face este post:



O post tirava um ótimo sarro do Temer sobre o cálculo um pouco subdimensionado e impreciso que ele fez de uma das manifestações na Paulista. A hashtag #esquerda-transante me lembrou de um tema que sempre discuti com a Manú, uma amiga minha super militante, filiada a partido político, filha de sindicalistas, que foi criada no caldeirão efervescente da esquerda paulistana.

Imediatamente marquei a Manú e pouco tempo depois mandei uma msg in private pra ela.
Eu: 40 é a sua meta.
Manú: a louca rs...
Eu: Eu acho mto pouco... mas no seu caso, vai ser uma revolução. 
Manú: gente, que valorização dos números. 
Eu: Eh uma sinalização. Número vai ter de qq jeito. Quero ajudar pra que não seja o zero. 😜😆 Vc eh tão linda, tão interessante, tinha de aproveitar mais as picardias da juventude. 😈😈 E vc vai continuar sendo de esquerda, ninguém vai duvidar kkkk. #esquerdatransante
Manú: e o que tem minha ideologia com isso homem? rs Eu saio conforme tenho vontade ué...rs.
Eu: Sei lá... tem gente na esquerda q acha q sexo eh coisa de pequeno burguês. Uma mercadoria fetichizada do sistema capitalista. Prazeres mundanos que não deveriam gastar energia aqueles que querem fazer a revolução.
Manú: Eu só acho que não é o centro da vida, fora isso, rs...
Eu: Faz parte do centro da vida hehehehe
Manú: rs...
A Manú foi bem precisa no que sexo representa na vida dela: não é o centro. Do que vejo (e sempre foi meu ponto de debate com ela), não é nem parte das bordas mais extremas. A Manú parece conduzir a vida dela sem sentir a necessidade de se relacionar sexualmente com alguém. Tem a militância política como centro da vida, além dos projetos acadêmicos, faz um monte de trabalho freela pra faturar uma grana extra e até um tempo atrás, chegou a ser garota maromba, rata de academia. Interessante isso, uma militante de esquerda que curte musculação pesada e suplementos proteicos, hehe... ela parou pq lesionou joelhos, uma pena... ficava muito sexy malhando. 

Ela teve uma espécie de pseudo namoro-bumerange com um conhecido dela, mas que parecia ser uma relação mais intelectual, inclusive marcada por muita discussão, muita divergência e uma relutância dela própria em tratar como um namoro minimamente convencional. Ela ficava orbitando em volta da vida do cara e o cara orbitava em volta da vida dela... mas nunca parecia haver um encontro real... só muito desencontro. Foram anos nesse vai-e-vem, nesse chove-não molha... e ao que consta, nunca rolou sexo entre eles, ou se rolou, foi muito limitante. 

Logo que nos tornamos mais próximos eu sempre conversava disso com ela, tentava entender essa resistência dela em namorar o cara, em coloca-lo nessa posição (e ela parecia ter afeto por ele, apesar do cara irrita-la muitas vezes com posturas infantis). Questionava também esse suposto desinteresse pelo sexo, realmente me intrigava. Ao mesmo tempo, me intrigava o suposto desinteresse por estar em uma relação (bom, não tenho elementos aqui pra discutir os namoros anteriores dela, ela me contou vagamente de alguns. Do que ouvia, sempre pareciam ser relações conflituosas).

Não caro leitor, ela não é uma lésbica enrustida.

Na 'minha' avaliação (e deixo claro que é uma avaliação pessoal, não tenho como saber se estou certo nem estou defendendo que seja a visão correta dos fatos) por algum ou alguns motivos a Manú tem esse lado bloqueado dentro dela. Manú teve sempre de batalhar muito pelas coisas dela, pra terminar a faculdade, pra entrar no mercado de trabalho, pra ganhar o próprio dinheiro que desse minimamente pra se sustentar, e ainda teve de segurar umas barras em casa pela instabilidade econômica, efeito da militância política do pai. Acho inclusive que a relação completamente edípica dela com o pai também ajuda a explicar esse suposto bloqueio. Num cenário assim, provável que na cabeça dela não haja espaço mesmo para o exercício do prazer que o sexo proporciona. E que isso seja visto até como uma coisa indesejada, inadequada para alguém com a trajetória dela. Com tantos problemas, dificuldades e urgências, pq "gastar" tempo transando?

Mas o interessante é que quando a Manú me diz "sexo não é o centro da minha vida" sinto que indiretamente ela me joga um dedinho de crítica, dizendo não ver com bons olhos a centralidade que eu dou à minha sexualidade e a forma intensa como a exerço. E a gente tem muita intimidade para que eu conte pra ela várias das minhas histórias, ela às vezes pergunta, eu conto detalhes picantes e ela se posiciona do tipo "esse sim"; "esse não"; "que babaca!"; "que cara bacana"; "ah, pq vc não investe nesse?"; "nossa, vc ainda tá vendo esse cara?".

Isso me faz pensar em duas questões mais amplas: 

Primeira: será que o formato atual que construí para o exercício da minha sexualidade é exagerado e superdimensionado? Dou importância ao sexo além da que deveria? 

Segunda: a vivência da minha sexualidade na verdade pode ser localizada e contextualizada num microcosmo gay típico de grandes cidades e que se revela em toda sua plenitude na cidade de São Paulo (mais até do que em cidades americanas e européias).

Sobre a 1a questão, eu acho sim, que dou uma grande importância ao exercício da minha sexualidade e isso é uma dimensão crucial pra mim. Gosto de transar, gosto de ter experiências com diferentes pessoas, gosto de exercer carinho, sedução, dar e proporcionar prazer. E gasto um bom tempo fazendo isso. Não acredito na visão tradicional de monogamia e acho que as relações deveriam ser mais livres, com menos amarras e mais possibilidades de variação.


Até o momento não tenho motivos pra achar que isso não seja saudável. De fato, escapa da tal "normalidade" em relação à grande parcela das pessoas... talvez a minha frequência sexual seja acima da média, mas não é por isso necessariamente que deva ser considerado algo ruim, doentio ou patológico. Sempre me causou revolta certas visões que buscam criminalizar ou demonizar a busca do prazer. Já sofri muito por isso durante um bom tempo.


Eu tenho consciência de que ponho uma boa parcela de energia e foco nisso... e que, por decorrência lógica, outras questões não terão a mesma prioridade. Eu poderia estar me dedicando a um hobby, fazendo uma segunda graduação, passar mais tempo com a família, mas nessa atual fase, eu tenho claro que meus objetivos de vida passam por uma vivência mais prazerosa na qual o exercício da sexualidade é central. Já atingi certos "milestones" profissionais e não preciso provar mais nada pra ninguém. 

Em outros momentos, já tive outros focos, como por exemplo quando fazia pós graduação. E poderia ter feito outras escolhas em direções opostas, como casar e ter filhos. Mas conscientemente não quis e não fiz. E claro, mesmo sendo muito importante, não é a única dimensão da minha vida... há os amigos, há o trabalho, há o lazer, há a família... 

Então, independente de se considerar certo ou errado, uma coisa fundamental a ser dita é que são escolhas conscientes, feitas com muita análise por trás. E como toda escolha (eu não canso de dizer isso aqui), há ônus e bônus. Tento ser maduro o suficiente pra ficar tranquilo quando aos possíveis ônus que minhas escolhas me trarão. E viver bem com isso.

A 2a questão me aponta que, definitivamente, eu não estou sozinho nesse "life style" (se é que podemos dizer assim... não gosto muito dessa expressão pq acho que ela é usada com um tom pejorativo para os gays - ah, esses americanos puritanos... sempre querendo punir o prazer alheio!). Muitos também escolheram viver assim. Uma noitada de sábado na The Week vai te dar a exata noção do que estou dizendo... pencas de homens gays exercendo de forma escancarada seu direito sagrado ao pleno prazer. O que se passa ali é realmente impressionante... um templo hedonista com um séquito fiel de seguidores.          


A minha afirmação se materializa nos vários ângulos e pedaços da foto abaixo:


Mesmo não tendo muita esperança, eu espero que a Manú consiga se libertar de algumas amarras que ela própria se impõe e se abra pra novas experiências. Que se abra pra conhecer um cara legal, se relacionar, curtir sua sexualidade e todo o prazer que estas experiências podem nos proporcionar (e conhecendo a minimamente, talvez um namoro tradicional não será mesmo o termo ideal pra ela - vai ter de ser algo mais fluído e menos engessado).

Da minha parte, eu vou continuar essa jornada exploratória de prazer. 2016 tem sido um ano de inflexão nessa trajetória, muitas coisas surpreendentes acontecendo, muitas novidades e experimentações. Não sei até quando isso vai durar, não sei o que vai acontecer pela frente. Mas sei que neste momento minhas decisões estão tomadas em direção a um sentido e tenho consciência de onde caminho.


* - frase tirada de http://newsletter.csrh.org/newsletter_2013-10-01.html

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Comunicação e expectativas - parte I

A gente conversa, a gente se entende! (Avon)


Nessa semana aconteceram duas situações interessantes pra se analisar como estas palavrinhas - comunicação e expectativa - se desenvolvem na nossa vida e também como interagem entre si. 

No último post aqui eu tava bem puto da vida com a situação narrada. Ela falava de comunicação que não se desdobrava em ação concreta (ou seja, o famoso "papo furado") e de como essa comunicação falsa me gerou uma expectativa de coisas que nem de longe se concretizaram [não!, caro leitor do blog, felizmente eu não tomei o 5o toco, inclusive porque o cafajeste não ligou mais e eu decidi exclui-lo dos meus contatos e redes]. 

Mas ontem aconteceu justamente o contrário. 

Feriado no meio da semana é  uma excelente oportunidade pra uma boa foda sem compromisso. Todo mundo em casa, meio sem ter o que fazer (até porque trabalha no dia seguinte), feliz por estar 'de boa' mas ao mesmo tempo um pouco 'de bode' pelo restante da semana. 

Eu uso o grindr como app para encontros. Eu acho um barato ter essa ferramenta à disposição. Não tenho qualquer preconceito em relação a este ou outros apps, até porque tento sempre ter em mente o que exatamente ele pode oferecer. Muitas vezes as pessoas se frustram porque buscam morangos em um canavial... claro, não vão encontrar morangos NUNCA!

Não sei ao certo, mas gosto da interface do Grindr, gosto da "cara" dele e dos tipos que aparecem ali. Ao mesmo tempo, me irrita o fato de muitos não terem culhão de desenvolver uma conversa com começo, meio e fim e depois, um encontro bacana... parece que ficam ali, "no purgatório", meio cá, meio lá, como almas penadas... e assim, nada, absolutamente nada, acontece. Mas garimpando, sendo paciente e persistente, algo sempre se salva.

Felizmente encontrei o Paulo, um "homem" de 40 anos, aquele tipo mais magro, com barba, pelos no peito e barriga (coloquei homem "entre haspas" pq o tipo do Paulo me remete a uma masculinidade cotidiana, sem exageros, aquele tipo masculino que pode ser seu chefe, seu colega de trabalho, de academia, seu vizinho de porta. Ou mesmo remete àquele amigo bonitão do seu tio mais novo que vc ficava de olho quando era criança, rs... Me agrada bastante). 

mais ou menos um tipão assim:



Nossa conversa começou no dia anterior, eu tava num puta tesão e curti as fotos dele. Mas na véspera ele não podia e ficamos de nos falar no dia seguinte. Conversei com ele próximo ao almoço e ele também não podia aquela hora. Nas duas vezes me disse isso de forma objetiva, sem rodeios. Eu, na hora, achei que talvez fosse enrolação, que ele não estaria muito a fim... e respondi de boa que então tentaríamos outra hora...

No fim da tarde chega uma msg: "ainda tá a fim?" Eu disse "claro, bora matar esse tesão!".

Paulo tinha descrito suas preferências nos seguintes termos: "boa conversa, bom sexo, mais ativo..." Eu, como flex convicto, sempre parto do pressuposto que se o cara diz que é ativo, então que assim seja e vamos conduzir a foda nestes termos. Engraçado que tenho, com o tempo, preferido situações onde os papéis ficam definidos previamente, pra vc não ter aquele "trabalho" de adivinhar, de saber como se portar... não que isso não possa ser descoberto facilmente em muitos dos casos, mas eu posso ter condutas bem diferentes a depender da preferência do outro. Tenho "personagens" distintos se sou ativo ou passivo. E no famoso e delicioso flip-flop esses dois personagens se revezam.

O Paulo chegou ao meu apto, gente boa ele, voz máscula, me pareceu ser um cara centrado, confiável, bom papo.  Era recém chegado a São Paulo e trabalha numa empresa exportadora. Trocamos algumas palavras, comentamos sobre nosso bairro e logo começamos a nos pegar na sala; beijos profundos, meu nariz e meus lábios deslizando pelo pescoço dele, abraços apertados que começavam a explorar o corpo alheio numa verdadeira expedição. Ele tirou minha camisa e eu a dele... me encheu de tesão tocar naquele peito com pelos, bem definido, sem exageros, comecei a beijar os mamilos e fui descendo pela barriga. 

Levei ele pro quarto enquanto tirávamos a roupa pelo caminho... ele se apoiou na cama para tirar o tênis e enquanto isso passava seus lábios pela minha cueca, sentindo meu pau latejando, e que, a essa altura, estava doido pra sair dali... 

Um dos pontos altos no sexo pra mim é aquele primeiro contato entre os corpos logo depois que você tira a roupa. Normalmente gosto de fazer uma boa pegação só de cueca antes de ficar nú, mas nesse caso, não deu pra fazer essa intermediária. A gente tirou toda a roupa logo de cara e nos jogamos na cama, num esfregar de corpos pra lá de bom. 

A uma determinada altura das preliminares, eu fui pra cima e comecei a roçar meu pau na bunda dele. Foi um encaixe gostoso, senti que ele gostou e eu tava curtindo também... e foi crescendo em mim um tesão de comer ele antes... me encaixei nele, segurei as pernas e fui bombando ali na portinha... beijando boca, pescoço, orelhas, axilas... explorando todo aquele corpo de macho. 

Daí perguntei pra ele: "posso pegar uma camisinha?" Ele olhou um pouco espantado: "ué, vc não é passivo?" Eu respondi: "curto tudo, não tenho limitação quanto a isso... também fiquei a fim de te comer." Paulo disse: "hum, sou um péssimo passivo, não sei se consigo dar." Retruquei: "vamos tentar, sem pressão." 

A partir daí foi muito tesão... eu caprichei no gel e sempre tenho à disposição xilocaína ou lidocaína, que em alguns casos é a salvação pra uma transa sem traumas... fui cuidadoso com os dedos primeiramente e depois com o pau. Deixei ele bem à vontade pra penetração ser a mais confortável possível. Devagar a gente vai longe! E quando sou ativo, o prazer do parceiro é a máxima prioridade! Transamos assim por um tempo, um mastro vigoroso que navegava no meio do corpo dele... até que ele olhou pra mim e falou: "agora quero te comer."

Uma camisinha a menos no estoque, invertemos o papéis e continuou tão bom quanto. Paulo foi extremamente cuidadoso, ouviu os meus "toques" ao longo da transa ('mais rápido', 'mais devagar', 'espera um pouco', 'cuidado' - ativos, nunca deixem de ouvir o parceiro!), foi carinhoso e me encheu de tesão. Uma sincronia muito boa dos nossos corpos e sentir o pau dele foi delicioso. A umas tantas, depois de várias posições, ele olhou pra mim com uma cara meio tímida e disse: "cara, não tô aguentando mais segurar, tô quase gozando!"  Eu disse "goza cara, também tô quase lá". E assim, gozamos praticamente juntos, numa explosão de prazer, gemidos e fluídos!

Ficamos na cama ainda curtindo um pouco, trocando beijos e fazendo elogios mútuos (uma coisa meio brotheragem, hehe, muito engraçado, do tipo: cara, vc mete muito bem.... ah, vc tbém dá super gostoso... nossa, que pegada tesão). Depois nos despedimos e trocamos contato. Paulo tem tudo pra ser um ótimo P.A. - gostoso, gente boa, confiável e trepa bem! Modéstia à parte, tô seguro que tenho os mesmos atributos. Mas só isso não é suficiente. Precisa rolar empatia, sincronia... e felizmente, aconteceu aqui.

Não, não estou apaixonado por ele, não quero namorar com ele, não quero casar com ele. Tenho certeza de que não preciso querer isso pra poder curtir bons momentos com ele. Uma coisa não pressupõe a outra.

Enfim... eu narrei essa história não somente porque ela foi prazerosa pra mim mas também para refletir sobre aquelas palavras que começaram o post. Eu acho que aqui rolou uma comunicação fluída, limpa, objetiva. Dois caras desimpedidos e afim de uma boa trepada. Conversaram, combinaram, se encontraram e fizeram acontecer. Simples, fácil... claro, quando se está realmente a fim. Esse o combinado. Esse o executado. E no meio do caminho, ainda houve abertura para uma "atualização" do script, hehehe, que tornou o momento ainda mais prazeroso para ambos. 

Quando há uma comunicação clara, as expectativas podem ser moduladas na frequência correta. Mas quando se sinaliza algo diferente do que se quer ou pode dar, a modulação é feita em frequência errada e certamente alguém vai se frustrar. 

Fica pra mim [e espero que pra quem ler também] o reforço da importância da comunicação clara e honesta. Não tenhamos medo de comunicar nossas reais intenções ao outro. Sejamos adultos o suficiente para lidar com os ônus desta postura [correta], pois de fato, o outro pode não topar tua proposta. Mas certamente é mais digno do que você tentar esconder suas reais intenções só pra conseguir ficar ou trepar com ele. Não tô dizendo que é fácil, mas é um exercício diário que podemos ter e nos aperfeiçoar. 

Na sequência, segue o segundo acontecimento para continuarmos a refletir sobre essas duas palavras.