sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Comunicação e expectativas - parte I

A gente conversa, a gente se entende! (Avon)


Nessa semana aconteceram duas situações interessantes pra se analisar como estas palavrinhas - comunicação e expectativa - se desenvolvem na nossa vida e também como interagem entre si. 

No último post aqui eu tava bem puto da vida com a situação narrada. Ela falava de comunicação que não se desdobrava em ação concreta (ou seja, o famoso "papo furado") e de como essa comunicação falsa me gerou uma expectativa de coisas que nem de longe se concretizaram [não!, caro leitor do blog, felizmente eu não tomei o 5o toco, inclusive porque o cafajeste não ligou mais e eu decidi exclui-lo dos meus contatos e redes]. 

Mas ontem aconteceu justamente o contrário. 

Feriado no meio da semana é  uma excelente oportunidade pra uma boa foda sem compromisso. Todo mundo em casa, meio sem ter o que fazer (até porque trabalha no dia seguinte), feliz por estar 'de boa' mas ao mesmo tempo um pouco 'de bode' pelo restante da semana. 

Eu uso o grindr como app para encontros. Eu acho um barato ter essa ferramenta à disposição. Não tenho qualquer preconceito em relação a este ou outros apps, até porque tento sempre ter em mente o que exatamente ele pode oferecer. Muitas vezes as pessoas se frustram porque buscam morangos em um canavial... claro, não vão encontrar morangos NUNCA!

Não sei ao certo, mas gosto da interface do Grindr, gosto da "cara" dele e dos tipos que aparecem ali. Ao mesmo tempo, me irrita o fato de muitos não terem culhão de desenvolver uma conversa com começo, meio e fim e depois, um encontro bacana... parece que ficam ali, "no purgatório", meio cá, meio lá, como almas penadas... e assim, nada, absolutamente nada, acontece. Mas garimpando, sendo paciente e persistente, algo sempre se salva.

Felizmente encontrei o Paulo, um "homem" de 40 anos, aquele tipo mais magro, com barba, pelos no peito e barriga (coloquei homem "entre haspas" pq o tipo do Paulo me remete a uma masculinidade cotidiana, sem exageros, aquele tipo masculino que pode ser seu chefe, seu colega de trabalho, de academia, seu vizinho de porta. Ou mesmo remete àquele amigo bonitão do seu tio mais novo que vc ficava de olho quando era criança, rs... Me agrada bastante). 

mais ou menos um tipão assim:



Nossa conversa começou no dia anterior, eu tava num puta tesão e curti as fotos dele. Mas na véspera ele não podia e ficamos de nos falar no dia seguinte. Conversei com ele próximo ao almoço e ele também não podia aquela hora. Nas duas vezes me disse isso de forma objetiva, sem rodeios. Eu, na hora, achei que talvez fosse enrolação, que ele não estaria muito a fim... e respondi de boa que então tentaríamos outra hora...

No fim da tarde chega uma msg: "ainda tá a fim?" Eu disse "claro, bora matar esse tesão!".

Paulo tinha descrito suas preferências nos seguintes termos: "boa conversa, bom sexo, mais ativo..." Eu, como flex convicto, sempre parto do pressuposto que se o cara diz que é ativo, então que assim seja e vamos conduzir a foda nestes termos. Engraçado que tenho, com o tempo, preferido situações onde os papéis ficam definidos previamente, pra vc não ter aquele "trabalho" de adivinhar, de saber como se portar... não que isso não possa ser descoberto facilmente em muitos dos casos, mas eu posso ter condutas bem diferentes a depender da preferência do outro. Tenho "personagens" distintos se sou ativo ou passivo. E no famoso e delicioso flip-flop esses dois personagens se revezam.

O Paulo chegou ao meu apto, gente boa ele, voz máscula, me pareceu ser um cara centrado, confiável, bom papo.  Era recém chegado a São Paulo e trabalha numa empresa exportadora. Trocamos algumas palavras, comentamos sobre nosso bairro e logo começamos a nos pegar na sala; beijos profundos, meu nariz e meus lábios deslizando pelo pescoço dele, abraços apertados que começavam a explorar o corpo alheio numa verdadeira expedição. Ele tirou minha camisa e eu a dele... me encheu de tesão tocar naquele peito com pelos, bem definido, sem exageros, comecei a beijar os mamilos e fui descendo pela barriga. 

Levei ele pro quarto enquanto tirávamos a roupa pelo caminho... ele se apoiou na cama para tirar o tênis e enquanto isso passava seus lábios pela minha cueca, sentindo meu pau latejando, e que, a essa altura, estava doido pra sair dali... 

Um dos pontos altos no sexo pra mim é aquele primeiro contato entre os corpos logo depois que você tira a roupa. Normalmente gosto de fazer uma boa pegação só de cueca antes de ficar nú, mas nesse caso, não deu pra fazer essa intermediária. A gente tirou toda a roupa logo de cara e nos jogamos na cama, num esfregar de corpos pra lá de bom. 

A uma determinada altura das preliminares, eu fui pra cima e comecei a roçar meu pau na bunda dele. Foi um encaixe gostoso, senti que ele gostou e eu tava curtindo também... e foi crescendo em mim um tesão de comer ele antes... me encaixei nele, segurei as pernas e fui bombando ali na portinha... beijando boca, pescoço, orelhas, axilas... explorando todo aquele corpo de macho. 

Daí perguntei pra ele: "posso pegar uma camisinha?" Ele olhou um pouco espantado: "ué, vc não é passivo?" Eu respondi: "curto tudo, não tenho limitação quanto a isso... também fiquei a fim de te comer." Paulo disse: "hum, sou um péssimo passivo, não sei se consigo dar." Retruquei: "vamos tentar, sem pressão." 

A partir daí foi muito tesão... eu caprichei no gel e sempre tenho à disposição xilocaína ou lidocaína, que em alguns casos é a salvação pra uma transa sem traumas... fui cuidadoso com os dedos primeiramente e depois com o pau. Deixei ele bem à vontade pra penetração ser a mais confortável possível. Devagar a gente vai longe! E quando sou ativo, o prazer do parceiro é a máxima prioridade! Transamos assim por um tempo, um mastro vigoroso que navegava no meio do corpo dele... até que ele olhou pra mim e falou: "agora quero te comer."

Uma camisinha a menos no estoque, invertemos o papéis e continuou tão bom quanto. Paulo foi extremamente cuidadoso, ouviu os meus "toques" ao longo da transa ('mais rápido', 'mais devagar', 'espera um pouco', 'cuidado' - ativos, nunca deixem de ouvir o parceiro!), foi carinhoso e me encheu de tesão. Uma sincronia muito boa dos nossos corpos e sentir o pau dele foi delicioso. A umas tantas, depois de várias posições, ele olhou pra mim com uma cara meio tímida e disse: "cara, não tô aguentando mais segurar, tô quase gozando!"  Eu disse "goza cara, também tô quase lá". E assim, gozamos praticamente juntos, numa explosão de prazer, gemidos e fluídos!

Ficamos na cama ainda curtindo um pouco, trocando beijos e fazendo elogios mútuos (uma coisa meio brotheragem, hehe, muito engraçado, do tipo: cara, vc mete muito bem.... ah, vc tbém dá super gostoso... nossa, que pegada tesão). Depois nos despedimos e trocamos contato. Paulo tem tudo pra ser um ótimo P.A. - gostoso, gente boa, confiável e trepa bem! Modéstia à parte, tô seguro que tenho os mesmos atributos. Mas só isso não é suficiente. Precisa rolar empatia, sincronia... e felizmente, aconteceu aqui.

Não, não estou apaixonado por ele, não quero namorar com ele, não quero casar com ele. Tenho certeza de que não preciso querer isso pra poder curtir bons momentos com ele. Uma coisa não pressupõe a outra.

Enfim... eu narrei essa história não somente porque ela foi prazerosa pra mim mas também para refletir sobre aquelas palavras que começaram o post. Eu acho que aqui rolou uma comunicação fluída, limpa, objetiva. Dois caras desimpedidos e afim de uma boa trepada. Conversaram, combinaram, se encontraram e fizeram acontecer. Simples, fácil... claro, quando se está realmente a fim. Esse o combinado. Esse o executado. E no meio do caminho, ainda houve abertura para uma "atualização" do script, hehehe, que tornou o momento ainda mais prazeroso para ambos. 

Quando há uma comunicação clara, as expectativas podem ser moduladas na frequência correta. Mas quando se sinaliza algo diferente do que se quer ou pode dar, a modulação é feita em frequência errada e certamente alguém vai se frustrar. 

Fica pra mim [e espero que pra quem ler também] o reforço da importância da comunicação clara e honesta. Não tenhamos medo de comunicar nossas reais intenções ao outro. Sejamos adultos o suficiente para lidar com os ônus desta postura [correta], pois de fato, o outro pode não topar tua proposta. Mas certamente é mais digno do que você tentar esconder suas reais intenções só pra conseguir ficar ou trepar com ele. Não tô dizendo que é fácil, mas é um exercício diário que podemos ter e nos aperfeiçoar. 

Na sequência, segue o segundo acontecimento para continuarmos a refletir sobre essas duas palavras.    

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