segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Conexões parte I - ou "amor, tá na hora da gente ir"

The sex was so good even the neighbors had a cigarette. (Annonymous) 

E lá vem mais história de casal... caramba, será que tô ficando especialista?

Interessante como às vezes os melhores momentos de uma noitada acontecem ao final, quando você já não tem grandes ou mais nenhuma expectativa e já queimou tudo o que tinha pra queimar ali. Talvez a personificação da famosa frase "the best is yet to come".

Se fosse outra balada, diferente de onde costumo ir, eu até diria que havia chegado a famosa "hora da xêpa", onde todo mundo deixa temporariamente seus preconceitos, babaquices e resistências de lado e parte pra felicidade (momentânea, quase sempre). Mas sinceramente, ali onde rola a balada forte esse conceito de xêpa perde muito do sentido, porque no geral as pessoas estão mais dispostas a interagir, vão embora bem mais tarde (ou bem mais cedo, a depender do ângulo) e há muito mais gente junta (o que explica tudo isso, aí já é outra discussão, rs...)

Numa das últimas grandes festas que fui na região da Lapa/SP, ali por volta das 5 da manhã eu já tava com fome e cansado de tanto dançar. Também já tinha beijado muito, muito e encontrado um cara que havia me despertado instintos de namoro (mas que pena... despertou só em mim).

No meio da muvuca a céu aberto topei com um cara que tava a fim de beijar há tempos e fui lá ficar com ele e os amigos, também muito interessantes. Pouco depois eu me senti à vontade pra ir pra cima e dei um beijo nele, que correspondeu. O namorado estava por perto, beijei também, mas não tive retorno muito empolgado, só um beijo protocolar pra não ficar feio. Mas o fato é que ficou um enrosco gostoso ali de um monte de caras se beijando, se abraçando, dançando e confraternizando a liberdade inenarrável de se ser gay e de se fazer aquilo que dá prazer! (acho que dificilmente vou trocar isso na vida!)

Um pouco depois me viro e vejo um deus grego que também estava ali junto da turma... um Apollo, pele morena, corpo torneado e liso, uma tatuagem enigmática em grego e claro, foi a deixa pra eu me aproximar e perguntar o que significava. Vc se aproxima e meio que já dá um semi-abraço pra envolver o boy. A resposta foi também enigmática e acho que ali não caberia uma explicação mais detalhada (a língua grega tem nuances e significados que podem ser tão ou mais complexos do que a alemã, por exemplo). 

Da discussão sobre a tatuagem em grego pra realização da música do Radio Taxi foi um pulo: um beijo... na boca... um abraço apertado, forte e suado... quente como as noites quentes de verão.

Laio é um cara muito interessante... lindo e com um papo estruturado, profundo, de conteúdo... engenheiros e arquitetos têm um charme todo especial pra mim e eu me derreto quando me deparo com um deles. Trocamos outras palavras, muitos outros beijos sabor MDMA e havia ali uma sintonia fina, deliciosa, o padrão ideal do que procuro em noites como esta. 
Uma breve pausa no texto para reflexões chatas (porém necessárias). Eu já disse isso aqui e repito (pra mim mesmo inclusive): o fato de vc encontrar alguém com uma super afinidade, aquela sensação de "nunca antes na história da minha vida", não significa que disso vá derivar algo mais amplo tão espetacular quanto aquele momento. Preste atenção nisso: o momento pode ser mágico e ficar ali, circunscrito. Module suas expectativas e aprenda a valorizar quando acontece, pra depois não ter de tomar comprimidos pra dormir (isso Angela Rorô já dizia em 1979 na clássica Balada da Arrasada).
Um tempo ali passado e vem a famosa (e já muitas vezes ouvida) frase: "mas eu tenho namorado". Na hora vem um banho de água fria mas a gente logo se recupera e nem tem tempo pra fazer draminha. Bom, se o cara tem namorado mas vc tá ali com ele dando um pega forte de dar inveja nos amigos, certamente há uma liberalidade entre o casal que permite isso. 

E foi o que se constatou quando o Roberto chegou com outros caras juntos (e já devia tê-los beijado inclusive) e me foi apresentado. Naquela hora ele parecia muito louco e não se atentou muito pra mim (apesar de termos nos beijado rapidamente, a dois e a três). Acho que ele tinha outros interesses fora da roda, ficou pouco ali e depois saiu. Eu continuei beijando o Laio por mais algum tempo e também saí para procurar meus amigos. Ficou um gostinho de "quero mais" e uma abertura pra que aquilo tivesse sequência.
  
Achei o Laio no face e começamos a trocar msgs. Eu o chamei para um vinho lá em casa num dia de semana à noite. Ele super topou mas disse que essas coisas ele sempre fazia em par com o namorado, nunca sozinho, que era um acordo entre os dois. Eu achei muito honesto e justo da parte dele dizer isso e falei que o convite se estendia ao Roberto também e que teria muito prazer em receber os dois na minha casa.

Confesso que da 2ª feira até a 5ª feira me bateu certo receio de encarar a situação. Sexo a 3 é gostoso, mas dá trabalho, a dinâmica é um pouco mais complexa e mobiliza mais energia e foco. Mas sempre que sentia isso colocava na cabeça que era a hora de sair da zona de conforto, que tinha tudo pra ser legal, que não tinha razão pra me sentir inseguro e que, começada a função, tudo se ajeitaria: "vai que vc não vai se arrepender", me disse meu ID.

A expressão "muito prazer" dita na ocasião se provou muito mais do que uma mera frase de educação e sedução. Primeiro que Laio acertou comigo a 5a feira e não fez corpo mole. Foi combinado e eles apareceram aqui (quantas vezes os "combinados" são só palavras jogadas ao vento, não é mesmo?).


Eu separei dois ótimos vinhos, um espumante e um tinto para tomarmos, castanhas e frutas secas e ficamos ali na bancada da cozinha conversando por um bom tempo. Papo ótimo, sem pressa, que aos poucos revelava afinidades e interesses em comum. Tivemos ainda um tempo pra desfazer um leve desconforto do Roberto, que não se lembrava de mim daquela noite e que, ainda assim, apareceu lá quase que num "blind date". Claro, o Laio foi o fiador da noite ao dizer: "tenho certeza que vc vai gostar dele" (a minha auto estima agradece!).  

Eu ainda teria conversado por mais um tempo com eles, mas chegou uma hora em que naturalmente eu e o Roberto nos aproximamos, passei a mão por trás do ombro dele, ficamos meio que abraçados vendo algum detalhe de um livro. Já tínhamos tomado vinho o suficiente pra ficarmos relaxados e foi a deixa pro Laio se aproximar também e nos entregamos a um delicioso beijo, sob as bençãos de Bacco! 

Continuamos a nos pegar na sala e eu os conduzi para o meu quarto. Dali em diante o sexo aconteceu de forma espontânea e muito natural (o que é incrível para 3 caras que nunca tinham trepado antes). Foi delicioso tirar a roupa deles, sentir o corpo deles, o cheiro deles, ver também eles tirando a minha roupa e explorando meu corpo. Enquanto Roberto e eu nos beijávamos Laio me chupava; eu também chupei os dois com todo empenho e dedicação, tanto porque eu estava com vontade como porque queria agrada-los naquele momento tão gostoso. 


O bacana é que ninguém ficou com restrição ou frescuras. Do que percebi da dinâmica do casal, o Laio era o ativo (mais frequente ou em tempo integral) e o Roberto o passivo. Daí isso se reproduziu também ali na hora. Confesso que antes da transa rolar eu fiquei um pouco encanado pensando: puts, mas será que vou ter de dar pros dois?

Depois me dei conta da bobagem que esse tipo de pensamento representa e parei de me preocupar, imaginando que o sexo iria rolar com naturalidade, que se eu não quisesse eu não precisaria fazer nada e que, na lógica inversa, poderia (e deveria) fazer tudo o que tivesse vontade. 

Então, assumindo de fato a postura de melhor anfitrião, eu comecei dando pro Laio (que tomou a iniciativa de me puxar e encapar o pau dele) e na sequência, pro Roberto. Fiz isso naturalmente, foi delicioso e não me senti "diminuído" em nenhum momento. E eles também foram sensacionais.

E acho que foi isso que inclusive deixou o Roberto muito à vontade pra dar pra mim na sequência. Eu comecei a roçar o pau na bunda dele, ele encaixou as pernas em mim e ficamos ali nos enroscando. Eu, gentil como sempre, perguntei: posso pegar uma camisinha? ouvi um "Pode" espontâneo que não deixou dúvidas sobre o desejo dele (tá vendo como muitas vezes a gente complica quando poderia facilitar?)

Comecei a comer o Roberto e foi um puta tesão... e aí veio o momento auge da noite. O Laio encapou o pau dele de novo e veio por trás de mim e eu experimentei uma sensação e uma posição até então inédita... o famoso trenzinho. Foi um pouco atrapalhado no começo mas depois que a gente pegou o jeito, foi delicioso! Pensando hoje, me pergunto por que não ficamos mais tempo daquele jeito...


Um pouco mais de beijos, chupadas e muita pegação gostosa e eu disse pro Laio: come ele que eu quero ver. Ele pegou outra camisinha (naquela noite gastei meu estoque todo...) e foi pra cima do Roberto, numa pegada e ritmo fortes, que até me assustou um pouco. Eu coloquei a cabeça do Roberto no meu colo e o beijava enquanto ele era fodido forte pelo Laio. Pouco tempo depois ele avisou que ia gozar e deu um belo esporro que sujou toda sua barriga branquinha e lisinha. Que maravilha aquela cena!

Chegou a vez de eu e Laio gozarmos também e ele se enroscou por cima de mim e veio forte também. Sentir aquele cara viril se movimentando em cima de mim me deu muito tesão... nossos corpos entraram numa vibe muito boa, mas eu tentava controlar a força dele um pouco para não me machucar. 

Uma hora ele trocou de posição, me puxou e eu fiquei sentado em cima dele, cavalgando com seu pau dentro de mim. Aí já não dava pra segurar muito mais. Explodimos no gozo, eu um pouco antes do que ele, mas tão intenso quanto. 

Pausa pós-orgasmos para nos recompormos e ficamos os três abraçados, extasiados, curtindo aquele momento. Roberto cochilou e eu e Laio ainda conversamos um pouco e nos beijamos, lenta e sofregamente. 

Quando Roberto despertou, Laio, super fofo, disse pra ele: amor, tá na hora da gente ir. Amanhã acordamos cedo.

Ao passarmos pela cozinha, vimos que ainda havia um resto da 3a garrafa de vinho (eles também haviam trazido uma) e não deixaríamos essa sagrada bebida sem ser apreciada. Finalizamos a garrafa e nos despedimos com a certeza de que ali tinha rolado uma energia muito boa, pessoas de espírito livre, gente do bem se juntando pra curtir e ter prazer. Liberdade vivida e exercida - isso não tem preço! Não tem preço! 

Mesmo tendo tomado muita água durante e depois, a ressaca no outro dia foi inevitável (melhor a ressaca física do que a moral). No meio da manhã chega uma mensagem fofa no face pra mim do Laio:
Ligeiramente de ressaca, muito sono, mas valeu a pena! Fantástico ontem!!😉
Respondi:
Adorei me atracar contigo, olhar nos teus olhos e poder sorrir, de tão bom que tava. E o Rô é uma graça, super gente boa, uma delícia... ontem fizemos tudo o que gosto de fazer... um bom vinho, um papo inteligente e estimulante, vcs são ótimas cias e sexo da melhor qualidade, com tesão, pegada e carinho.
Laio finalizou:
Concordo plenamente com o q vc disse, tudo o que gostamos de fazer! Eu e o Rô saímos de lá falando a mesma coisa!! E aquele seu sorriso safado ficou gravado. 😏
Ora, e por que o título do texto se chama "Conexões"

Simples, porque percebi no casal uma conexão incrível, parecem ser de fato parceiros e vivem uma vida a dois pelo simples fato de desejarem estar juntos. Cultivam afinidades e objetivos em comum. Isso, no entanto, não os impede de ter uma vivência ampliada e mais intensa da sexualidade. 


Intuitivamente não esperava por isso, mas tenho me deparado com muitos outros casais que se portam de forma semelhante. Têm uma vivência a dois, mas que inclui interações com terceiros, quartos e quintos e isso é vivido como algo que naturalmente faz parte do 'viver a dois'.

Longe de ser algo contraditório, acaba sendo algo agregador e que contribui para fortalecer os laços e manter acessa a chama do tesão.

O fato de ter vivenciado essa experiência até o fim e a maneira como me portei também me deram uma sensação interna bacana de me sentir adulto, fazendo coisa de gente grande, coisa complexa, bem conduzida.

Enfim, um substantivo: Sexo. E dois adjetivos: Adulto. Bem feito.  

PS: As ilustrações deste post foram linda e generosamente feitas por um amigo muito querido que acompanha o blog! Ao visualizar alguns de seus desenhos mais recentes lhe fiz um desafio para que ilustrasse essa história, desafio que foi prontamente aceito por ele. Certamente outras artes tão lindas virão futuramente!!!!

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