quinta-feira, 20 de abril de 2017

Carnaval 2017 parte III - Gustavo, um quase-namorado

E quando eu te encontrar, meu grande amor, me reconheça! (Angela Rô Rô)
Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem. (O Teatro Mágico)

Vocês sabem que o pontapé definitivo para começar a escrever esse blog veio de um fora que tomei de um anjo que conheci no carnaval do ano passado e pelo qual me encantei perdidamente? Foi a motivação para o 1o post escrito aqui... e lá se foi um ano de muitas histórias, lembranças registradas e partilhadas.

Pois não é que uma situação muito parecida me aconteceu também em 2017? Mas com um final diferente.

Eu tenho aprendido que sim, pode demorar, mas as coisas boas acontecem, disse isso aqui recentemente. E como é verdade!!! [Claro, vc tem de fazer por onde, não adianta ficar sentado no sofá comendo doritos e vendo BBB.]

Apesar de toda a pegação do carnaval, os meus mixed feelings estavam à solta... O fim da história com André, os atritos com meu melhor amigo Mário e a total falta de paciência com o pessoal que estava junto no apto que alugamos. Então na média, o carnaval não estava tão bom quanto o do ano passado (exceto pela surpreendente pool party). 

A pegação forte dos blocos era uma tentativa [um tanto quanto desesperada] de aliviar a dor pela ausência do André e pelo distancimento do Mário. Funcionou, até certo ponto. Novamente, não espero encontrar morangos em plantação de laranjas, mas que a gente procura... Aaahhh, isso procura!. 

Pois bem. Ùltima noite de carnaval, bloco noturno, Marina da Glória. Havia muita, mas muita gente e o bloco estava atrasado, tinha uma música preliminar tocando mas que se ouvia pouco pelo número de pessoas. Nós estávamos num grupinho fazendo um aquecimento, bebendo [e pra variar eu sem muita paciência depois de tantas confusões e desencontros da turma].

Nessas aglomerações as pessoas vão tentando abrir caminhos pelos grupos, vão tentando passar, meio apertado, às vezes empurrando. Lá pelas tantas vejo um garoto lindo, alto, aquele tipo magro que eu adoro. Ele passava ao lado do meu grupo e eu tentei colocar meu braço junto ao dele para que ele o sentisse enquanto caminhava. 

Ele não só sentiu como correspondeu ao meu movimento, olhou diretamente nos meus olhos e começamos a nos beijar. Simples assim. Sem nenhuma palavra dita. O olhar já dizia sobre o desejo intenso que subitamente brotara ali.


Nos beijamos por um bom tempo, nos curtimos, nos tocamos, nos sentimos... Parecia que não havia mais nada ali, apenas uma música de fundo. Eu gostei demais do beijo e da pegada dele e numa hora em que ficamos abraçados começaram as perguntas básicas sobre nome, idade, profissão, etc... E a constatação mais curiosa de todas: ele mora em SP e trabalha a duas quadras de onde moro. Não... Nunca havíamos nos enconrado ou nos cruzado pelo bairro até então. 

Como ele estava de passagem por ali e precisava achar os amigos, nosso momento não durou muito. Mas trocamos contato com a "promessa" de um novo encontro no bloco antes do amanhecer. Ali tinha acontecido um princípio de conexão, quando vc marca "SIM" para vários 'quesitos' que valoriza e que busca em alguém. E pelo visto, tinha sido um movimento de mão dupla. 

Nós ainda nos encontramos uma segunda vez e ficamos juntos, foi tão bom quanto. Ele não ficou até muito tarde, mas me disse que se quisesse, poderíamos ir à praia na manhã seguinte. Eu acordei e liguei pra ele... Nos encontramos, tomamos café num lugarzinho super charmoso em Ipanema e fomos pra praia... Pegamos cadeiras e guarda sol e, antes de nos sentarmos e depois de termos tirado as camisetas, ele me abraçou forte e me deu um beijo. Cinematográfico. Minhas pernas bambearam ali... Parecia cena de novela das oito [dos tempos em que elas eram boas].

Ele voltaria à tarde para São Paulo. Eu o levei até o apto em que ele estava e nos despedimos.  


Infelizmente ele se mudaria de SP por questões profissionais em poucos dias e para um lugar bem distante. Então nós simplesmente curtimos todo o tempo que tínhamos, felizes por esse 'encontro' ter acontecido e ao mesmo tempo sem nos lamentarmos pelo 'desencontro' que aconteceria logo na sequência [só um pouquinho...]. Aquela conexão era algo precioso e, pra mim, um indicador do que devo buscar e do que tem me feito falta [e que era tanto o que eu queria ter tido com o André, mas que não rolou].

No pós-Carnaval nos vimos todos os dias, e nosso sexo foi arrebatador, o encaixe perfeito! Sexo com carinho e intimidade é sensacional (não que precise ser sempre assim, pois não é algo fácil de se materializar). E para além do sexo, nós começamos a ver nossos gostos em comum, curtir a companhia um do outro, e tudo foi correndo de forma natural. Novamente, era muito gostoso sentir que havia um caminho aberto entre eu e ele e isso me deixava tranquilo pra ser carinhoso, intenso, falar das minhas coisas pra ele, de perguntar sobre as coisas dele, etc... Como é bom ser correspondido, não?

E o corpo dele me dava arrepios, me causava um tesão maluco... Magro, definido pela academia disciplinada que ele faz quase todos os dias, pêlos na medida e um tônus equilibrado, sem exagero. Sabe quando vc olha e vê ali toda a materialização da beleza masculina? E havia uma correspondência da parte dele, algumas vezes eu o pegava me olhando como se também admirasse meu corpo... Em uma das noites em que me levantei do sofá pra pegar um vinho pra nós, ele me pediu pra parar no meio do caminho, me olhou (eu estava só de cueca) e disse (como se falasse pra ele próprio): "nossa, eu tenho muito bom gosto mesmo..." 

 

O momento mais mágico dessa semana passada com o Gustavo foi o fechamento do carnaval 2017 com ninguém menos que a rainha Daniela Mercury! São Paulo nunca mais foi a mesma depois que ela, em janeiro de 2016, levou uma multidão da av. Faria Lima até a Igreja da Consolação em 6 horas de bloco. Era lindo ver as duas faixas da Avenida Rebouças (pra mim, um dos símbolos mais opressores da dureza do concreto e do mau planejamento urbano dessa cidade) tomadas de gente feliz. Em 2017 o percurso foi menor, mas foi tão intenso quanto. E choveu, como choveu!!!! E nós ficamos juntos o tempo todo dançando, beijando, nos abraçando e curtindo um ao outro!

 

Agora, teria um problema... [sempre tem, né?]. E eu não sei como eu conseguiria resolvê-lo [se é que teria jeito]. 

Do que conversamos e nos conhemos, o Gustavo parece ser um cara mais "certinho", estudioso, criação mais rígida, muito focado no trabalho, batalha pra caramba e não tem o hábito de curtir a noitada como eu e meus amigos mais próximos curtimos. Nem chegamos a conversar sobre isso, mas eu teria um abacaxi pra descascar ao falar pra ele das últimas festas que tenho ido e de como tenho aproveitado minha solteirice nos últimos anos. Não sei o que ele iria achar, mas certamente ficaria um pouco assustado [numa de nossas conversas pós-sexo não sei ao certo porque o assunto veio, mas ele disse que não tirava a camisa na balada 'por princípio'... Eu engoli a seco e disfarçei, hehehe - apesar de que ele me conheceu no carnaval sem camisa].

E nesse meu momento de vida eu consigo imaginar a 'sociedade gay' dividida em dois grandes grupos

               1) aqueles que tem uma vivência mais ampla da sexualidade em um estilo de vida muito característico dos gays de grandes cidades do ocidente, construído nas últimas décadas de liberação comportamental. Esse estilo inclui baladas (mesmo que vc já tenha passado da faculdade), abertura pra relações amorosas-sexuais não convencionais, relativização da monogamia como indicador de fidelidade e experimentações com drogas (especialmente as sintéticas). Basicamente, pode ser descrito como uma "reação" e uma alternativa ao tal 'padrão heternormativo dominante'.

               2) gays que, "apesar" de serem gays, vivem uma vida praticamente igual à da maioria dos heterossexuais, não havendo grandes diferenças em relação a eles (exceto pelo fato de que se relacionam com pessoas do mesmo sexo). Eles vivem relações monogâmicas tradicionais, querem se casar, ter filhos, enfim, viver uma vida muito parecida com a que levam seus pais, irmãos, primos e colegas de trabalho heteressexuais.

Não estou pleiteando caráter científico e estatístico para essa divisão [inclusive porque há heterossexuais que se assemelham aos gays do grupo 01], mas ela faz muito sentido pra mim ao olhar os gays que conheço. E aí vem o dilema: eu faço parte do grupo 01 e conheci alguém do grupo 02. O que esperar disso?

O sortudo filho da puta do Mário, hehehe...deu sorte de encontrar um namoradinho do grupo 01 e tá lá, feliz da vida, namorando e ao mesmo tempo curtindo a balada, as balinhas, o key, sem ter de abrir mão de nada (bom, foi uma longa e tortuosa negociação entre eles...). Até foram na sauna dia desses e aprontaram horrores por lá!

Eu acho que provavelmente o Gustavo não toparia passar do grupo 02 pro grupo 01, e caberia a mim fazer uma [difícil] escolha. Passar eu para o grupo 02 e viver essa história plenamente ou me manter no grupo 01 correndo provável risco de perdê-lo? Seria muito difícil decidir e sinto que perderia muito, qualquer que fosse a escolha. Felizmente (ou infelizmente, a depender do ângulo), nao foi preciso.

Pra fechar esse texto, eu citei a música do Teatro Mágico porque quando de fato se quer, as pessoas fazem acontecer. Não tem enrolação, não tem "talvez, ainda não sei", não tem "tá, qualquer coisa eu ligo", não tem "vamos ver como rola". E quanto antes conseguirmos descobrir se o outro com quem estamos nos relacionando é "oposto" ou "disposto", menos sofrimento para nós e menos estaremos andando em terras desconhecidas. Pra cada tipo, um jeito diferente de tratar e se portar. 

PS: pra quem não conhece, o lindão da foto é o porn star Jarec Wentworth, revelado pela produtora de filmes Sean Cody[em breve teremos um post sobre Porn, prometo!]. Nem precisa dizer que é COMPLETAMENTE meu número, e me lembrou muito o meu quase-namorado!Jarec Wentwort

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