segunda-feira, 28 de agosto de 2017

[Más] influências?

Acho que aos poucos o Mário tá recuperando a espontaneidade comigo e isso é algo que me deixa muito feliz!

Novamente a vida me mostrando, empiricamente, que vale a pena ter um pouco de paciência, dar tempo ao tempo pra algumas coisas se ajeitarem. 

Mário e eu compartilhamos alguns valores na vida em relação, digamos, ao hedonismo e à busca do prazer mundano. Descobrimos isso juntos inclusive, nos últimos anos, e ele foi bem mais a fundo do que eu inclusive.


E essas preferências vem sendo colocadas aos nossos outros amigos de forma cada vez mais explícita. Sinto que isso assusta e/ou choca alguns, seja porque contrasta radicalmente com outro conjunto de valores, seja porque parece algo desconhecido, em relação ao qual as pessoas já tem julgamentos pré concebidos. 

Tivemos duas conversas bem engraçadas pelo whatsapp essa semana que ilustram um pouco isso.

Na 1a, falávamos sobre uma futura viagem em grupo que estamos organizando. Um dos nossos amigos namora e é meio inseguro, tende a controlar o namorado e claro, não compartilha das nossas diversões [confesso que esse comportamento meio errático me irrita bastante]:

HS: ah, ontem falei pro Bruno confirmar ctgo a viagem o quanto antes, pra não ficar de fora.
M: ahhh sim... ele falou comigo. E ontem o Vítor também confirmou que não vai. Claro que a culpa é do Adriano [namorado dele]
HS: hahahaha esse Vítor viu... mto enrolado... dessa vez não vai ter chororô na véspera.
M: ele não assume as indecisões dele.
HS: Pois é... interessante observar a dinâmica dele.
M: Além de ter aê um certo receio de que sejamos má influência pro Adriano... Eu adoro ser uma má influência... hehe
HS: Mário, vc jura que ele tem esse medo?!
M: eu sinto que sim... que o Vítor se sente incomodado e tenso quando o Adriano está junto da gente... fato que não acontece quando ele está sozinho conosco.
HS: que coisa... quer deixar o menino numa redoma. Como se isso fosse alguma garantia kkkk
M: Insegurança.

Como diria Mauro Halfeld, da CBN- 'meu comentário':

[e pior que hoje, sem querer, entrei no insta do Adriano e, pro meu espanto, não tem uma fotinha do Vitor lá... uma sequer... o psicólogo Ronnie Von já nos alertava. Significa? Significa...]

Na sequência, emendamos a discussão sobre outro amigo nosso, Otávio, cujo namorado foi transferido pela empresa para uma cidade bem distante e vai ficar lá por seis longos meses.

HS: e por falar em má companhia... o namorado do Otávio viaja nessa segunda próxima. Podíamos pensar em algo pra outubro, leva-lo numa das festas conosco... Mário, imagina esse menino se atracando com o Laio, por exemplo...
M: ué, vamos tentar levar ele já nessas festas de setembro!!!
HS: acho difícil. Ele provavelmente vai viajar. Não vai ficar sozinho aqui.
M: huuummm... verdade.
HS: ideal seria um fds comum, pq aqui eh mais garantido ele estar...
M: bem, pelo menos pro interior ele não deve ir mais.
HS: kkkkkk isso parece novela do Gilberto Braga hahahaha
M: kkkkk somos a Flora e o Otávio a Donatella?
HS: essa eh do João Emanuel Carneiro hahahaha. Estamos mais pra Maria de Fátima e Odete Roitman e ele pra Raquel Acioly em Vale Tudo hahahaha
M: kkkkkkkkkkk
HS: ai... me senti vilão agora kkkkkk
M: vamos imaginar que somos a Tieta levando Tonha pra sunpaulo.
HS: bicha, a senhora lacra! a senhora tomba!



É intrigante porque o Otávio ama de paixão o namorado, estão juntos há bastante tempo, ele super se dedica à relação (até mais do que o outro). Só que isso não impede o bichinho de morrer de tesão pelos caras bonitos que desfilam pela academia dele (eu brinco com Otávio que ele passou duas vezes na fila da testosterona, pq é impressionante a disposição dele haha).

Eu e o Mário gostaríamos muito que ele conhecesse e experimentasse 'o outro lado da força', a gente acha que ele ia pirar muito e curtir demais (assim como aconteceu conosco). Vamos fazer algumas tentativas, alguns convites mais incisivos, mas já de antemão acho que as chances são poucas.

Acho que ele se sentiria mal fazendo isso e é super careta quanto às químicas. Ainda que a gente tenha praticamente certeza que o namorado vai aprontar bastante longe do olhar [mais que] vigilante do Otávio - cá entre nós, acho que era tudo o que ele mais queria... mas aê já é um pouco de maldade minha...e ciúme do amigo também... 

sábado, 5 de agosto de 2017

DSTs em alta - parte II

As notícias do post anterior sobre DSTs não foram apenas 'notícias' pra mim. 

Há duas semanas o Mário deu um susto na gente. Passou um final de semana prostrado, cansado... E na 2ª feira foi pro hospital e logo diagnosticaram hepatite A. Eu fui pra lá ficar com ele e não é nada agradável ver um amigo na cama de hospital doente. A infecção veio bem severa nos primeiros dias mas depois se estabilizou e agora está tudo bem, ele já está de alta. Mas acredito que esse susto tá fazendo ele repensar algumas coisas na vida (se bem que o bicho é teimoso que só vendo kkkkk).



Há uns dias outro amigo do interior, Henrique, me ligou aflito dizendo que havia feito sexo oral em um cara que ele desconfiava ser HIV+. O cara não gozou, não houve contato com esperma, mas ainda assim, a prática concentra certo risco. E lá fui eu correndo buscar informações com uma amiga do Ministério da Saúde. E acabei aprendendo também.

Existem dois tipos de estratégias de prevenção para pessoas que entram em contato com o vírus HIV. Elas são nominadas pelas siglas 'PEP' e 'PrEP'.

PEP é a profilaxia pós-exposição, por exemplo, quando o preservativo se rompe numa transa ou quando profissionais de saúde tem algum acidente de trabalho, por exemplo, um corte ou uma picada de agulha. Na dúvida, receita-se uma combinação potente de antiretrovirais que deve ser tomada até 72 horas após o ocorrido (tem de ser até esse prazo, senão não faz efeito) e durante os próximos 28 dias. 


Não é toda a prática desprotegida que tem essa recomendação, no caso de sexo oral sem ejaculação inclusive, mas eu não sei exatamente o que meu amigo disse no serviço de saúde, fato é que ele conseguiu a medicação e está tomando (não é fácil, há alguns efeitos colaterais como enjoo e diarreia nos 1os dias, mas é comprovadamente eficaz em reduzir muito as chances de infecção, caso a outra pessoa tenha o HIV).

PrEP é a profilaxia pré-exposição e recentemente foi incorporada ao SUS. Aqui também toma-se uma combinação de antiretrovirais (menos potente do que na PEP) diariamente, como forma de dar ao organismo uma proteção prévia caso ele se depare com alguma situação onde venha a ter contato com o vírus. Pras pessoas que tem dificuldade em usar preservativo em todas as relações sexuais, a PREP vem como uma estratégia adicional de prevenção. Assim como no caso da PEP, não é indicada pra todos os casos, por isso, uma ida ao serviço de saúde ou ao seu infectologista continua sendo primordal! 


Vamos fechar o assunto com duas ótimas notícias:

A 1ª é esta que eu disse acima: a PrEP chegou ao SUS! Claro, ainda vai levar um tempo para estar totalmente implementada e disponível nos serviços de saúde, mas a experiência internacional já mostra claramente que é uma estratégia de prevenção eficaz e que chega pra se juntar às demais estratégias que já temos. 

A 2ª boa notícia se refere à divulgação de pesquisas com casais sorodiscordantes, mostrando que portadores do HIV com adesão ao tratamento e carga viral indetectável não transmitem o vírusIsso é fantástico [e agora há evidências robustas a confirmar a hipótese] e contribui para tirar a alta carga de estigma imposta às pessoas soropositivas. 

Mostra também que é possível levar uma vida praticamente normal e ter um parceiro, ainda que sorodiscordante, sem que isso signifique risco de infecção - um fantasma que sempre assombra os portadores, pois muitos acham que por terem adquirido o vírus jamais terão vida amorosa novamente ou que só poderão se relacionar com outras pessoas HIV+.

O desafio agora é espalhar essa mensagem, pois é uma informação ainda pouco difundida na população, como mostrou uma pesquisa recente. A desinformação ainda faz com que muitos não considerem a possibilidade de relacionar com uma pessoa portadora do HIV, quando, de novo, não há risco de contágio se o tratamento estiver sendo seguido corretamente e a carga viral estiver indetectável. 

Vejam que, do ponto de vista de saúde pública, o "problema" não reside nas pessoas HIV+, como muitas vezes o senso comum coloca. Estes estão diagnosticados e em tratamento. O grande vetor de transmissão está colocado nas pessoas que não sabem o seu status sorológico e mantém relações sexuais desprotegidas. Se alguém é portador do vírus HIV mas não sabe disso, não estará em tratamento e sua carga viral muito provavelmente estará elevada a ponto de facilmente transmitir o vírus. É deste cenário que surgem os novos casos. Portanto, continua sendo importantíssimo a prática regular de testagem.



E a testagem está cada vez mais fácil! Os testes hoje já são feitos por meio da saliva (não em todos os lugares, mas a tendência é essa). Antes vc tinha de coletar sangue na veia. Depois surgiu o teste rápido que só precisava de um furinho no dedo e uma gotinha de sangue. E atualmente já é utilizado um o teste rápido no qual vc usa um tipo de cotonete para coletar saliva.

E desde junho desse ano já está disponível nas farmácias um autoteste para detecção do HIV (lembrando que há um período de 30 dias para que o teste consiga detectar a presença do vírus no organismo, a chamada janela imunológica. Antes disso, o teste não terá utilidade). O preço é salgado, mas ainda assim, paga a angústia da dúvida.


Aproveitei o dia de hoje e fui renovar meus testes. HIV, Sífilis, Hepatites B e C. Todos não-reagentes! Por mais que me proteja usando camisinha, ainda assim também me sinto um pouco vulnerável por ter múltiplos parceiros (e gostar disso). Sempre acho que em algum momento terei um encontro marcado com a sra dona Sífilis. Felizmente não foi dessa vez!

O aconselhador do Centro de Testagem, que virou meu amigo, me disse hoje: é a "regra": um pouco de seletividade.

De forma semelhante, achei bacana o que um médico infecto disse num de seus vários textos do blog que sigo, o Universo AA.
E o que fazer frente a isso tudo? O melhor é fazer o que sempre recomendo em relação a qualquer DST: ficar esperto e pensar/falar/agir sobre o assunto, e não ignorar e esperar que algum desfecho ruim aconteça.
O que dá pra aprender disso tudo: precisamos gerenciar nossas vulnerabilidades. Este é o ponto! Aprender a administrar e lidar com riscos. E pra isso, o primeiro passo é ter ciência de quais riscos corremos e adotar estratégias para evita-los ou remediá-los (quando for possível). Cito novamente o médico do texto anterior:
A camisinha é sempre a melhor maneira de [se] proteger de qualquer DST, mas se ela não está sendo usada, conversar com os parceiros sobre suas rotinas de rastreamento de DSTs e manter-se sempre em dia com os seus próprios exames de rotina é algo fundamental para qualquer pessoa que pratique sexo oral desprotegido com parceiros casuais. Dessa maneira, por mais que acabe pegando alguma dessas outras DSTs, o diagnóstico e o tratamento adequados poderão evitar tanto o desenvolvimento de complicações da doença quanto o ciclo de transmissão para novos parceiros.
Algumas dicas simples e fáceis de seguir:
  • Tenha uma rotina de testagem regular em você e no seu parceiro: a testagem está disponível nos serviços de saúde ou nos laboratórios, via convênio/plano de saúde. 
  • Informe-se com um profissional de saúde sobre sinais e sintomas causados pelas DSTs e fique atento em seu corpo e, na medida do possível, no de seu(s) parceiro(s) também (lembrando que às vezes DSTs podem ser assintomáticas). 
  • Mantenha-se em dia com a vacinação: hepatite B e agora também a hepatite A. Avalie com seu médico a possibilidade de também tomar a vacina tetravalente contra os tipos mais agressivos de HPV.
  • Saiba onde e como acessar a PEP, em caso de um descuido e avalie com seu médico ou profissional do serviço de saúde se vale a pena adotar a PrEP como estratégia adicional de prevenção.
  • Em caso de diagnóstico de uma DST, é fundamental testar e tratar os parceiros também. Aqui vale inclusive um lembrete ético: por mais difícil que seja, é importante avisar seu(s) parceiro(s) mais recentes do ocorrido. 
Por fim, se por acaso você se descobrir HIV+, por mais difícil que possa ser, saiba que não é o fim de tudo. O tratamento está disponibilizado na rede pública de saúde, a adesão é bem mais fácil hoje em dia e o conhecimento científico avançou muito a ponto de permitir às pessoas uma boa qualidade de vida. Durante as pesquisas para escrever este texto descobri o blog de um jovem soropositivo e gostei bastante das informações lá disponíveis bem como da rede de apoio criada a partir dessa iniciativa. Vale a pena conferir!

As pesquisas seguem rumo a facilitar ainda mais a adesão (fala-se já em uma injeção mensal que substituiria as pílulas diárias) e também rumo a estratégias que consigam neutralizar o vírus no organismo (sem a necessidade do uso contínuo de medicamentos). Acredito que em poucos anos teremos boas novidades nesse campo!

Coincidentemente, essa semana assisti a um filme australiano na netflix chamado Holding the  man. Baseado em uma história real, conta a vida de dois jovens que ficaram juntos por 15 anos, desde o ensino médio. É uma linda história que mostra também as dificuldades enfrentadas para se viver esse amor (entre as dificuldades, a maior de todas elas, à epoca, o HIV).  

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

DSTs em alta - parte I

E chegou Agosto... alguns leitores devem estar achando que o blog anda numa fase meio down e reflexiva.

De fato...

Eu tenho andado mais na concha, pensando muito no que quero pra mim daqui em diante, avaliando se ainda quero (e topo) calçar os mesmos calçados que venho calçando há anos. É angustiante, mas tento imaginar que são nesses momentos de crise e incerteza que criamos as condições para alçar novos vôos.

De qualquer forma, prometo que em breve teremos mais histórias picantes, porque mesmo nos momentos difíceis sobra espaço pra um pouco de putaria, luxúria e prazer.

Só que antes disso, quero falar um pouco sobre esse fantasma que, infelizmente, insiste em nos rondar (e vai continuar rondando, não se iludam). Quem sabe nossos netos consigam viver num mundo livre de DSTs... Porque nós; definitivamente não vamos. Já havia feito uma 1ª reflexão aqui sobre o HPV, e senti vontade de falar um pouco mais sobre outras DSTs. 


Uma ressalva importante é necessária: quero deixar claro que não sou profissional de saúde, então esta é uma reflexão de uma pessoa leiga que não deve ser tomada por ninguém como orientação. 

O Brasil possui, ao menos nos grandes centros urbanos e cidades médias, diversos serviços especializados de testagem, aconselhamento, tratamento e assistência para as diversas DSTs, então quem tiver qualquer dúvida, procure estes serviços e fale com os profissionais. Ou marque uma consulta com seu médico de confiança. 

Nas últimas semanas tivemos algumas notícias que gostaria de analisar brevemente.

Existe já há alguns anos uma certa sensação de alívio e relax pelos importantíssimos avanços no tratamento do HIV\aids, mas galera, o assunto continua sério e por mais que a gente queira, não dá pra baixar a guada. Ainda que haja tratamento ou cura, as DST tem consequências sérias e causam danos ao nosso corpo (e aos corpos dos nossos parceiros), além de facilitarem a infeção pelo HIV.

Sim, é claro que transar sem capa é melhor, o atrito pele com pele é delicioso, trocar secreções é uma forma incrível de intimidade e prazer. Mas infelizmente algumas limitações e cuidados [ainda] são necessários em nome da saúde, especialmente a longo prazo. 

Já havia comentado em algum dos posts que o Brasil vive uma epidemia de sífilis, que pode ser explicada pela queda nas taxas de uso do preservativo combinado com a prática de múltiplos parceiros (aspecto esse que parece ter se ampliado nos últimos anos com o avanço dos novos aplicativos on line de pegação e paquera). 

Na mesma esteira, as autoridades médicas tem mostrado crescente preocupação com a resistência da bactéria causadora da gonorréia aos antibióticos, a ponto de já se falar em uma super-bactéria. Os médicos dizem que a prática de sexo oral sem preservativo tem ajudado a disseminar a doença. A doença pode infectar genitais, reto e a garganta e é nessa última que reside a preocupação (e onde a resistência a antibióticos foi constatada).

Sim, nos dois casos, existe transmissão também pela via oral. Sexo oral também é sexo!



Como desgraça pouca é bobagem, foi detectada também uma epidemia de Hepatite A entre a população de HSH (que é o jargão epidemiológico para falar dos 'homens que fazem sexo com homens' - o conceito leva em conta apenas as práticas sexuais, sem adentrar nas discussões de orientação sexual e identidade de gênero).

E por que há essa epidemia entre HSH? Parte da explicação passa pela contaminação a partir da prática de sexo anal e de sexo oral na região anal, contaminada (o famoso 'cunete'). Isso porque o vírus está presente nas fezes das pessoas que estão doentes (e até manifestar os sintomas, ele pode ficar incubado, quietinho, sem fazer alarde). 

A 4ª notícia ruim é que há também uma crescente preocupação quanto ao aumento dos casos de resistência do vírus HIV aos medicamentos antiretrovirais atualmente disponíveis, em geral decorrentes do acesso ou da adesão inadequados ao tratamento. E isso acende a luz amarela sobre essa visão difundida de que a aids é uma doença crônica tratável (como é a diabetes, por exemplo). 

Claro, aids pode ser considerada uma doença crônica tratável. Mas a necessidade de adesão ao tratamento continua imperiosa, não dá pra levar nas coxas. Da mesma forma que se vc fizer uso irregular da insulina, terá problemas, o mesmo se aplica ao uso dos antiretrovirais. E a médio prazo, levanta-se uma preocupação adicional de que linhagens resistentes do HIV possam ser transmitidas, ampliando o número de pessoas com possíveis falhas no tratamento.

Apesar de todos os avanços, fato é que os casos de novas infecções pelo HIV não tem caído, pelo contrário, tiveram ligeiro aumento no Brasil e é muito desanimador perceber isso, tanto porque sabemos que o governo brasileiro perdeu seu protagonismo nos últimos anos na adoção de estratégias mais ousadas de prevenção e também porque, na minha opinião, revela um certo descaso das pessoas quanto a se proteger (as últimas pesquisas mostram quedas no número de pessoas que reportam uso de preservativo em suas relações sexuais). 

Claro que muitas vezes o 'contexto' dificulta a prevenção (por exemplo, quando os serviços de saúde não facilitam o acesso à camisinha ou sequer disponibilizam ou quando garotas tem receio de carregar seu próprio preservativo por receio de serem taxadas de putas ou vadias). Mas há uma considerável parte da população que tem acesso à informação, aos insumos, e ainda assim, faz de conta que nada acontece. Prefere arriscar, pois acha que só acontece com os outros. 

Um ponto que me chama a atenção aqui é que a prática de sexo oral (onde praticamente ninguém usa camisinha) está sendo colocada na berlinda e acho que vamos assistir a um debate na saúde pública sobre a necessidade de maior ênfase das campanhas sobre esse ponto. Isso porque se para a transmissão do HIV o risco é menor (quando comparamos ao sexo anal e vaginal), no caso de outras DSTs pode ser a principal fonte de transmissão.

Longe de mim querer um empata-foda hehehe... mas não nego que essas notícias me deixam preocupado e me fazem pensar nas minhas próprias práticas sexuais. Não consigo me imaginar usando preservativo em sexo oral, mas talvez seja o caso de se pensar na redução de parceiros como estratégia individual de prevenção (e falo aqui "individual" porque obviamente não vou defender isso como estratégia universal - cada um deve analisar quais estratégias são mais adequadas ao seu contexto de vida).