sábado, 11 de novembro de 2017

Rejeição - a prática

Te convidei pro samba e você não veio. Cê me deixou no samba, eu vou te esquecer. (Adriana Calcanhotto - O micróbio do samba)

O feriado do começo de novembro me fez discorrer no post anterior sobre uma espécie de "teoria da rejeição".

E alguns acontecimentos me ajudaram a fazer o teste de hipótese dela. Nada mal para um pesquisador.

Mas péssimo para "um coração dependente, viciado em amar errado" (como já cantava Marina Lima).

O festival de frustrações começou na quinta, quando fiquei paquerando um cara na academia que era bem interessante. A gente ficou se olhando, terminamos os treinos mais ou menos na mesma hora (mentira... eu acelerei o meu kkkk) e ao terminar, fui ao bar, pedi um café e sentei numa mesa. Ele passou, olhou, eu dei um 'oi' e ele parou pra falar comigo. Se sentou e engatamos uma ótima conversa que evoluiu pra um almoço ali perto e depois uma caminhada até um ponto de táxi. 

Eu fiquei bem empolgadinho, ele pegou meu telefone, meu insta... daí quando cheguei em casa mandei uma mensagem falando que tinha curtido muito o papo. Ele respondeu com um "pois é. vamos falando".

Colegas, é incrível como a intuição [a minha, ao menos] já nos mostra que, com uma resposta dessa, não há a menor, A MENOR possibilidade de rolar algo. Ao ler a frase foi como se um filminho instantâneo tivesse passado na cabeça deixando bem claro: "perdeu playboy, não vai rolar com ele." Eu ainda dei uma deixa "se tiver a fim de tomar um café no fim da tarde me dá um toque". Ele disse que tinha de encontrar um amigo e conforme fosse, me falava. O famoso "tá, qualquer coisa eu te falo". Não falou.

Altos e baixos em muito pouco tempo. Difícil manter a saúde mental desse jeito. 

Na sexta nos encontramos novamente na academia, ele disse que queria ir na Bigger, uma festa de ursos que rola aqui em Sampa, eu falei que também tava a fim, convidei-o pra ir comigo e ele falou que me mandaria mensagem mais à noite, que ia combinar com um amigo também. Tô escrevendo esse texto na segunda à noite e não veio nenhuma mensagem.

Cara, essa sensação de "left behind" [ser deixado pra trás] é muito ruim. Vc cria certa expectativa, inclusive baseada nos sinais que o outro dá (mesmo que dúbios ou insuficientes). Vc se pergunta por que alguém diz que vai ligar e não liga. Vc se pergunta se não seria mais fácil dizer "não, não tô a fim", ou "não, não rola", ou mesmo não criar pretensas coisas pra se fazer juntos. Preferimos sinalizar positivamente e, após, deixar no vácuo.

Não sei se isso é típico de brasileiro (e eu sou brasileiro também, tô me incluindo na jogada), se falta culhão pra gente dizer "não" de forma mais enfática (o que não significa ser rude ou estúpido). Definitivamente, não é bom quando acontece.

De qualquer forma, eu fui na bear party. Tenho um amigo urso super querido e ele me chamou. Achei que seria bacana, pois fazia tempo que não saíamos juntos.

Já faz uns meses que ando numa fase meio carente, querendo encontros com maior conexão e estando aberto a namorar. Bom, vcs conseguem prever que é no mínimo arriscado ir pra uma festa dessas com este espírito dentro do peito.

A 1a ficada, ironicamente foi com um casal. Eu tava de olho num loirinho e perguntei pro cara ao lado dele, que imaginei, fosse um amigo. Daí o cara fala, super de boa, que era o namorado, mas que eu poderia trocar uma ideia se quisesse. E me apresenta o loirinho. O loirinho foi receptivo, ficamos lá um tempo, o namorado entrou também, nos beijamos, dançamos juntos... mas foi morno.

Um tempo depois o loirinho me fala: "queridão, a gente vai dar uma circulada pra encontrar uns amigos nossos." Me despedi super de boa, mas no fundo fiquei um pouco triste, pois queria ter ficado com eles o restante da noite e interagido de forma mais intensa, como tinha acontecido na balada do 7 de setembro.

Na sequência, pra minha total surpresa, encontrei o Paulo, que não via há um bom tempo e de quem, conscientemente, preferi me afastar. Paulo foi um cara que começou como um despretensioso "pau-amigo" mas que com o tempo foi me conquistando de uma maneira incrível, pela simples convivência; pela pessoa incrível que ele é (e claro, porque nossas fodas eram muito boas!).

Eu passei a ficar mais interessado nele, o meu interesse mudou de perspectiva, só que o dele não. Numas das nossas últimas conversas inclusive, ele me falou, em tom meio confessional: "tenho a vida complicada. E a cabeça também" (e não acho que tenha sido desculpa esfarrapada não... acho que foi sincero).  

Nós conversamos rapidamente, ele sempre muito simpático, cortês, um sorriso de derrubar quarteirão. Até demos uns beijos de leve, ele elogiou meu corpo, disse que eu tava gostoso, mas eu senti que claramente parecia não rolar mais tesão, mais excitação. E esse foi o outro ponto negativo da noite. Após um tempo, a mesma tradicional saída: "então, vou ali encontrar meus amigos". Mais uma expectativa frustrada.  

Pra fechar a noite com chave de ouro, fui falar com cara que eu vi e gostei... o cara parecia bem chapado, parecia não falar direito... e foi tudo muito rápido, a gente meio que se abraçou, um beijo rápido e ele me puxou, disse que precisava ir ao banheiro. A gente ainda se encostou na parede, mais um beijo e ele entrou.

Eu não sei se sou inocente, mas nessas horas eu costumo esperar o cara voltar rs... (muita gente aproveita pra ir embora pra outro canto). Ele voltou, ainda nos abraçamos, mas logo ele disse: "então, eu vou dar uma volta por aí."

Puts, confesso que essa frase também me doeu... E no fundo, o que eu queria mesmo era alguém pra ficar casadinho na balada, curtindo o som e o MD batendo... mas saiu tudo errado. O som não tava legal, eu não estava com meus amigos tradicionais e a balada terminou comigo numa baita bad vibe e eu sem nenhuma serotonina pra contar a história. Confesso que saí dali me sentindo um looser.

E o sábado fiquei de bad total, uma angústia brava, que parecia não ter hora pra terminar. E não sei se foi pelo MD (que experimentei pela 1a vez) ou se por todos estes gatilhos que dispararam velhas e conhecidas angústias.

Vc passa o dia mobilizado, sentindo isso tudo e torcendo pra que acabe.

Não sei ao certo como concluir este texto. Será que dá pra tirar alguma lição disso tudo?

Não sei se consigo me fortalecer a ponto de não sentir algo ruim quando situações assim acontecerem. Ou se evito situações assim como forma de me proteger da frustração. Ou se simplesmente é melhor pensar que foi 'apenas um dia qualquer' e que 'não há nada como um dia após o outro'.

A ver...

PS: salvo maior inspiração futura, não tô nem um pouco a fim de colocar ilustrações nesse post... não vou dar ibope pra esses malfeitores do meu coração hahahaha 

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