Um bate-bola feito pelo Dan Stulbach
com Renato Camargo, head de fidelidade
do Grupo Pão de Açúcar.
Eu bati o olho no vídeo (daqueles
que o youtube te ‘obriga’ a assistir antes dos que você seleciona) e
imediatamente achei ele lindo e muito interessante. Uma postura máscula,
decidida, risada certeira, aquele sotaque paulistano charmosíssimo, perfil slim, moreno com uma leve barba crescida.
Um cara que parece saber muito bem o que quer e para onde está indo.
Claro... vááááárias
transferências contidas nessa minha conexão imediata com ele (eu nem o conhecia
até então e nem faço idéia da sua orientação).
Qualidades masculinas que vejo
nele e que gostaria de ver em mim. Algumas delas eu até vejo, mas não ando
passando pelo melhor momento profissional e pessoal e acho que isso faz com que
a vida dos outros pareça muito melhor do que a minha e que me veja um pouco
diminuído nestas tais qualidades masculinas (que não são exclusivamente
masculinas, podem e caem muito bem em mulheres também).
Ele parecia estar muito
confortável na carreira. Tinha respostas inteligentes para as perguntas
capciosas que lhe eram feitas. Viaja bastante (coisa que eu também gosto de
fazer, mesmo que profissionalmente). Mostrava uma alegria imensa e uma garra em
relação ao trabalho. Parecia ter um futuro muito bem traçado e uma vida
profissional bastante estruturada (o que significa maior probabilidade de
saltos ainda maiores e novos desafios).
Eu, do outro lado, ando num
momento de estagnação e insatisfação profissional. Tem me faltado prazer no
trabalho, uma motivação maior; aquela nos faz acordar todos os dias com mais
disposição. Não tenho visto sentido no meu atual trabalho nem visão de futuro. Ainda estou um tanto quanto perdido e desanimado para
buscar soluções fora da zona de conforto.
Mas o ponto que me captou
inicialmente foi o seguinte.
Quando o via no vídeo, pensei
comigo: “nossa, poderia facilmente me
apaixonar por esse cara e seria incrível namora-lo” (o fato de não haver
uma aliança em qualquer uma das mãos foi um salvo-conduto para me permitir a
fantasia, hehe). Instantaneamente me
imaginei no apartamento dele, nós deitados na cama dele, numa tarde de domingo,
assistindo grudados alguma série da netflix.
Um cara com uma carreira tão
estruturada – como se envolver e desenvolver um relacionamento com alguém
assim? Eu concluí que a única maneira seria abdicando da minha vida para poder
fazer parte da dele.
Claro, são especulações... mas se
a imagem que construí a partir da entrevista for correta, trata-se de alguém
que tem o 1º, 2º e 3º focos na carreira e uma relação somente seria possível
caso esse foco não estivesse ameaçado. O parceiro teria dificuldades em trazer
e agregar o seu mundo a outro mundo já tão estruturado, onde não há espaço para
novos projetos.
Daí pensei: “será que eu me disporia a abdicar de projetos pessoais e profissionais
meus para estar com outra pessoa num relacionamento?” Toparia trocar de
trabalho, mudar de cidade, de país ou, pior, estar numa relação sabendo que meus
projetos não são os prioritários do casal e que o outro não irá abrir mão dos
dele caso seja necessário?
Nos meus últimos namoros, de
certa forma, foram os meus namorados que se adaptaram à minha rotina, até
porque eu morava sozinho (eles não), então era mais flexível e fácil quando
eles estavam na minha casa. Os pais deles não sabiam à época que eles eram
gays, então eu quase nem frequentava as casas. Eu morava numa região mais
central e não tinha carro (eles tinham), então era mais fácil pra eles me
encontrarem ou me buscarem.
Não vou me comprometer com uma
resposta objetiva, até porque estamos falando de maneira hipotética; não há
nesse momento uma situação específica que me demande uma decisão instantânea.
Mas me imaginar em um contexto como esse me causou inicialmente certo desconforto.
Há algum tempo atrás, provavelmente eu seria bem mais taxativo e dissesse de antemão que jamais faria algo assim. Até
pela percepção familiar de que aconteceu algo parecido com minha mãe (que teve
de ‘abandonar’ a carreira no magistério para ‘criar’ os filhos) e eu não
gostaria de repetir isso.
Eu tendia a ver as coisas de maneira mais maniqueísta (nada que alguns anos de análise não ajudassem a melhorar), inclusive na primeira vez que abordei esse tema aqui, em um texto chamado Parceiros egoístas e a renúncia. (tudo bem que ali havia uma situação a justificar a abordagem).
Eu tendia a ver as coisas de maneira mais maniqueísta (nada que alguns anos de análise não ajudassem a melhorar), inclusive na primeira vez que abordei esse tema aqui, em um texto chamado Parceiros egoístas e a renúncia. (tudo bem que ali havia uma situação a justificar a abordagem).
Mas hoje, pensando de forma mais
ampla e sem me atrelar a esse gatilho emocional familiar, acho que poderia
ponderar e avaliar a possibilidade. Não abortaria de cara um romance por causa
disso. E a maneira como o parceiro encara isso também faria toda a diferença. Alguma
compensação ou rearranjo sempre é possível para acomodar possíveis
renúncias.
Tentar não pensar as situações de maneira maniqueísta também ajuda bastante, pois pressupõe que há um mínimo de sensibilidade e empatia do parceiro ao perceber a situação. Se eu tenho sensibilidade mínima pra lidar com essa situação, por que a pessoa com quem escolhi estar também não poderia ter?
Tentar não pensar as situações de maneira maniqueísta também ajuda bastante, pois pressupõe que há um mínimo de sensibilidade e empatia do parceiro ao perceber a situação. Se eu tenho sensibilidade mínima pra lidar com essa situação, por que a pessoa com quem escolhi estar também não poderia ter?
Por fim, não queria que o texto fosse finalizado com um certo ar fatalista e derrotista. Por mais difícil que as coisas possam ser, eu continuo a acreditar no poder transformador e curativo do amor. Ele pode nem sempre vencer [ou 'quase nunca', diriam os mais céticos], mas é uma força que sem dúvida não deve ser ignorada.
E você? Como reagiria? Pensa da mesma forma ou de maneira completamente diferente? Compartilha comigo suas histórias e opiniões!
Bjs no coração!